terça-feira, 23 de julho de 2013

Capítulo 37

P.O.V- Nathalie Simmons 
O estúdio não ficava longe dali, fui seguindo o carro de Tom por todo o percurso. Era um estúdio comum e Tom cumprimentava cada uma das pessoas que passavam por nós.

-Seguinte, temos três salas decoradas, uma sala em branco e quatro bandas pra gravar. Eles já vão aparecer vestidos a gente só precisa tirar as fotos e encaminhar para a próxima sala.
-Parece fácil.
-E é, mas também é cansativo e por isso eu preciso da sua ajuda.
Ele me entregou uma câmera novinha e sorriu para mim.
-Vamos lá, sessenta fotos. Você fica com a sala dois.
Ele me empurrou de leve na direção da porta com um sorriso encorajador. Eu não estava nervosa, acho que já passei dessa fase. Eu confiava no meu trabalho e estava segura do que poderia fazer. Na sala número dois, haviam cinco pessoas da produção. Duas da iluminação, uma que cuidava para que tudo ficasse no devido lugar e duas garotas que cuidavam do cabelo e da maquiagem. Eu cumprimentei eles e a cenarista veio falar comigo.
-Você deve ser a fotógrafa de quem Tom andou falando. É um prazer conhecê-la, meu nome é Heather.
Eu estendi minha mão para apertar a dela.
-Nathalie Simmons.
Respondi com um sorriso.
-Bom, Nathalie, não sei se você sabe como funciona, mas eles vão chegar aqui e você pode fazer o que quiser, basicamente. É como massinha. O que você precisar a gente arruma. Só temos que ter cuidado com o tempo, meia hora pra cada banda.
-Entendi. Parece fácil. Eu posso usar tudo o que tem aqui?
-E o que não tiver, se você tiver alguma ideia, pode falar e eu peço para trazerem.
Eu dei uma olhada na sala, havia um fundo vermelho na parede á minha frente, uma grande árvore de Natal e presentes espelhados em volta dela. Uma parede branca á minha esquerda tinha um boneco de neve de isopor e na outra parede havia o grande logo do Text Santa em letras garrafais em verde e vermelho. É, eu conseguiria trabalhar com isso.
-A gente tem neve?
Eu perguntei á Heather quando cheguei mais perto da parede branca.
-Sim, e aqueles aparelhos ali são pra fingir que está caindo.
Ela apontou para duas máquinas acima de nossas cabeças.
-Acho que temos tudo então, podem trazer a primeira banda.
Eu não me surpreendi ao ver as garotas do Little Mix vestidas de ajudantes de Papai Noel, elas entraram animadas e sorriram para mim. Eu pedi que elas se posicionassem no logo do Text Santa e sorrissem para câmera, foi tudo muito natural, um cenário depois do outro, poses e mais poses. Foi a mesma coisa com o The Wanted. Eu nunca tinha os visto de perto e os garotos foram ainda mais naturais posando para as fotos. Era fácil como respirar.
-Como estamos?
Eu perguntei para Heather enquanto prendia o cabelo num coque. O aquecedor estava ligado e eu estava com calor de tanto andar pra lá e pra cá tirando fotos.
-Você é rápida, terminamo antes de meia hora. Vou pedir pra trazerem os meninos do McFly.
Ela saiu a passos rápidos da sala enquanto eu tentava conter a ansiedade dentro de mim. Eu iria vê-los de perto, todos eles, cada um deles. Esse trabalho era mais vantajoso do que eu jamais pude imaginar. Eu não pude evitar segurar o fôlego quando eles entraram na sala. Todos vestidos em roupas natalinas e sorrindo. Meus olhos foram de Tom para Danny, Dougie e enfim, Harry.
-O Tom não vem hoje?
-Do que você está falando, Danny, o Tom está bem aqui.
Dougie apontou para o colega de banda que revirou os olhos.
-Não este Tom. O Leishman.
Danny respondeu e sorriu para mim.
-Você vai fotografar a gente?
-É o plano. Eu sou a Nathalie. Fotógrafa da People e ajudante do Leishman por um dia.
-Este é um cartão de visitas e tanto.
Eu apertei a mão de Danny, Dougie e Harry em seguida.
-Mas acho que você esqueceu de acrescentar, garota do Horan, aí.
Meu rosto foi de: pálido londrino para: vermelho pimentão em tempo recorde.
-Eu não... Eu...
-Relaxa, ele tá só zoando.
Harry deu dois tapinhas no me ombro.
-Como vocês sabem disso?
-Não é segredo pro fandom de vocês, porque seria pra gente?
-E além do mais, Niall é nosso amigo.
-Mas você não tem com o que se preocupar, seu segredo está salvo conosco.
Dougie fez um gesto esquisito com as mãos. Eu respirei fundo e ignorei aquilo.
-Certo. Ao trabalho.
Eu os coloquei para decorar a árvore de natal, mas os garotos tiveram outra ideia. Eles começaram a decorar o Dougie que vestia um suéter verde, colocaram as bolinhas na sua roupa e todas as outras coisas de natal em volta do seu corpo. Tom segurava a estrela na cabeça de Dougie que olhava para cima, Harry ria de alguma coisa e ajeitava os presentes nos pés do amigo e Danny estava abaixado ligando as luzes na tomada. Eu tirei a foto nessa hora, quando as luzes se ascenderam junto com os sorrisos dos meninos. Tirei duas fotos iguais porque aquela era de longe, uma foto que eu gostaria de guardar pra sempre. O McFly bagunçou na árvore de Natal. No boneco de neve e até no logo do Text Santa. Eles, definitivamente, não eram normais.
-Acabamos. Obrigada meninos.
Eu disse olhando para a última foto. Tom era bombardeado com bolinhas do que era pra ser neve, o pobre coitado não tinha nem como se defender. Os meninos se despediram com acenos e saíram da sala. Eu me sentei por um minuto.
-Está tudo bem?
Heather me perguntou e eu ouvia sua voz mais distante do que deveria. Sentia a cabeça pesada e os músculos doerem um pouco. Eu concordei com a cabeça.
-Eu só... preciso de um copo d'água.
Eu disse olhando para cima e ignorando a pequena vertigem que senti. Eu não ia ficar doente. Não mesmo.
Heather concordou com a cabeça e saiu apressada. Voltou em menos de dois minutos com um copo de água gelada em mãos. Eu me assustava com a eficiência daquela garota.
-Aqui está.
Eu bebi devagar para ver se aquilo passava, felizmente estava sentada quando a última banda entrou na sala. Caso contrário eu teria caído para trás. One direction. E Niall estava na frente, com calças cáqui e um suéter vermelho. As meninas da maquiagem se apressaram para fazer seu trabalho enquanto eu me levantava e dizia á Heather que estava tudo bem.
-Foi só um mal estar. Eu estou ótima.
Eu peguei a câmera e fui cumprimentar os garotos.
-Oi Nath! Não te vemos faz um tempo.
Zayn disse me abraçando de lado.
-Sentimos sua falta.
-Sem falar que o Liam ficou se gabando por ter sido o último a te ver.
-E o emburradinho ali também sentiu sua falta, só pra registro. Caso você esteja se perguntando.
Louis disse quando veio me abraçar. Eu me mantive á uma distância segura de Niall. Não queria brigar, não hoje.
-Vamos ao trabalho.
Eu disse com um meio sorriso. Tirei as fotos obrigatórias segundo Heather e, não demorou para que os garotos começassem a se sentir mais confortáveis com o cenário. Eles começaram a correr uns atrás dos outros e a brincar de jogar neve para o alto, se vestindo com as roupas do boneco de neve e fazendo poses engraçadas. Eles desmontaram o boneco e fingiram que construíam um. Sempre brincando. Sempre sorrindo. Era difícil não se sentir feliz com eles por perto. Eles até conseguiram me fazer rir quando colocaram Harry dentro de uma caixa de presentes e ele pulou pra fora espalhando papel de presente rasgado para todos os lados. Eu pedi para que eles fingissem abrir os presentes, mas Louis rasgou o papel da caixa e todos eles estavam rasgando tudo no momento seguinte. Depois eles queriam ver se Harry cabia na caixa maior, e aqui estamos. A última foto que tirei e outra que eu tive vontade de guardar para sempre. Harry pulando para cima com os braços abertos, os garotos ajoelhados em volta rindo até não poderem mais, os papéis de presente voando pra todo lado e a árvore bagunçada atrás, dava quase pra sentir como seria passar a manhã de Natal com eles. Como deveria ser assim, exatamente assim que eles comemoravam essa data.
-Acabamos.
Eu disse me levantando do chão. Tinha me ajoelhado pra pegar um ângulo melhor.
-Agora temos mais uma coisinha á fazer.
Heather se aproximou com a prancheta. Ela guiou eu e os meninos até uma outra sala, onde Leishman nos esperava com as outras bandas e uma equipe e tanto. Cada maquiador, figurinista, técnico de iluminação e cenarista do estúdio estava ali. Cada um correndo de um lado para o outro, ajustando pequenos detalhes nas roupas e maquiagens e iluminação do lugar. Tudo isso pra ficar perfeito. Tudo isso pela foto perfeita.
-Posso dar uma olhada?
Tom se aproximou de mim, o sotaque acentuado em sua voz.
-Claro.
Eu lhe entreguei a câmera para que ele olhasse as fotos.
-Agora sei exatamente porque Castle te contratou, isso aqui não pode ser vendido Nathalie.
Eu esperei que ele continuasse, sem sabe o que pensar.
-Isso é fotografia de primeiríssima qualidade. Dá quase pra estar na foto. Olha isso!
Ele apontou para a foto em que as meninas do Little Mix jogavam neve para cima e sorriam.
-Se algum dia você quiser deixar a People, sinta-se mais do que convidada para trabalhar comigo. E eu vou te chamar mais vezes, está avisada.
Ele piscou e sorriu e eu não conseguia acreditar.
-Eu... Puxa, eu nem sei o que dizer. Tom! Muito, muito obrigada.
Ele me entregou a câmera.
-Fica com ela, você fez um ótimo trabalho. De verdade, eu não confiaria essa câmera á mais ninguém.
Eu morri e voltei e Tom Leishman me deu a melhor câmera que eu poderia ganhar.
-Obrigada, Tom. Muito obrigada mesmo.
Eu tentava me recompor pra não passar vergonha. Era o sonho da minha vida multiplicado um milhão de vezes. A melhor coisa que poderia me acontecer, dez vezes melhor.
-Tom! Eles estão prontos.
Heather apareceu, Tom sorriu para mim antes de caminhar até ela. Todos os integrantes das bandas estavam enfileirados, cada um segurava uma plaquinha com uma letra para formar "Help Someone Near You- Text Santa" ** Ajude alguém próximo á você- SMS para o Noel.**
A foto em si não tinha muito efeito visual, eram artistas vestidos formalmente e com touquinhas de Natal, segurando plaquinhas brancas escritas em vermelho. Sorrindo e mandando uma mensagem. Seria a imagem para os Outdoors e revistas, a imagem principal da campanha desse ano. Tom fez com que aquela fosse a fotografia inexpressiva mais bonita que eu já havia visto.
-É isso. Muito obrigado, pessoal.
Ele dispensou todo mundo, Heather e o pessoal da produção saíram com algumas bandas, deixando na sala apenas eu, Tom, One Direction e o McFly.
-Então...
Louis disse sorrindo quando o pequeno grupo se juntou.
-Vocês ainda não tinham nos apresentado. Tom teve que fazer o trabalho sujo pra vocês.
Danny Jones cruzou os braços e encarou Harry que era, supostamente, o contato entre 1D-McFly.
-Mas, apesar de tudo, fiquei feliz em te conhecer Nathalie. Tom elogiou bastante o seu trabalho.
Judd disse sorrindo para mim, eu quase morri do coração.
-Ela é incrível! Vocês viram o álbum da última turnê?
Liam disse todo animado, eu estava ficando constrangida com toda essa atenção.
-Vocês deveriam fechar com ela, confia em mim.
Harry disse colocando uma mão no meu ombro.
-O que acha, Leishman? Que tal uma parceria no próximo álbum?
Danny disse olhando para Leishman que sorriu para mim.
-Seria ótimo, estou ansioso pra trabalhar com você novamente, Nathalie.
-Então tá combinado. Pizza na minha casa pra comemorar?
Tom disse olhando para cada um de nós.
-Eu te levo até lá.
Zayn disse me acompanhando até o carro.
-O que há com você?
Ele disse enquanto afivelava o cinto.
-O quê?
-A gente não te vê desde a premiação e já faz quase um mês.
Eu mantive os olhos na rua, evitando olhar pra ele.
-Você sabe, com o fechamento da revista e o Natal chegando, Carolyn e Jake de casamento marcado... Eu não tenho nem tempo de respirar! Nem decorei a casa ainda e pode esquecer os presentes porque eu ainda não comprei.
-Porque você tem tempo pra ver o Liam?
-Achei que o Tomlinson tivesse ciúmes da minha amizade com o Liam- eu suspirei- Não tenho culpa que vocês abandonaram o pobre coitado para ir á Brighton com as respectivas namoradas.
-Sem essa. Você vem evitando a gente e eu sei porquê.
-Eu não... Eu... Zayn.
Eu disse respirando fundo, fui pega de surpresa num assunto que tinha evitado falar. Era verdade, eu havia evitando eles porque estava cada vez mais difícil inventar uma desculpa.
-Por que, Nathalie? Porque vocês dois não podem se entender?
-Porquê tá tudo errado. A gente se ama no momento errado! Porque olhar pra ele é doloroso, e tudo fica no nosso caminho. Eu, ele e até a maldita Holly! Eu trabalho pra vocês, ele tem uma namorada, a mídia vai cair em cima... E a gente briga porque estamos lutando contra algo que não é pra acontecer. Eu não consigo lutar contra isso, Zayn. É maior do que eu e eu não sou forte o bastante para isso. Eu não sou...
Eu olhei pra cima e pisquei até conter as lágrimas. O carro estava parado num sinal vermelho.
-Mas é pra isso que estamos aqui, Nath. Somos um pacote, lembra? Comprou um levou mais quatro? A gente vai estar do seu lado e vai te ajudar a superar qualquer coisa. A gente vai estar sempre aqui.
Ele colocou a mão no meu ombro e sorriu de um jeito tão carinhoso que meu coração apertou. Não era justo com eles que eu e Niall somos uma anomalia do status quo. Não era justo comigo que eu tinha que amar logo aquele que não podia ter.

P.O.V.- Annie DeLarue.
-Repete.Eu disse pela milésima vez ao telefone. Harry riu.
-Eu estou te convidando para ir comer pizza na casa dos Fletcher.
-Ai. Meu. Deus. Na casa deles. Na casa do Tom Fletcher.
-Oi Annie.
Eu reconheceria essa voz em um milhão de anos.
-Harry, por favor me diz que eu não estou no viva-voz.
-Tá certo. Você não está no viva-voz com Tom e Dougie no carro.
-Harry! Eu vou te matar, como você me coloca no viva-voz enquanto eu estou surtando desse jeito?
-Relaxa, você nem está tão ruim assim.
-É, tem garotas muito piores.
-Obrigada meninos. Será que eu posso falar com o Harry rapidinho?
-Claro.
Eles devem ter passado o telefone para ele.
-Eu saí do viva-voz?
-Yep.
-Como diabos você me coloca no telefone com eles? HARRY! Minha vontade agora é de te matar. Eu só não faço isso porque preciso de você pra chegar na casa do Tom.
-E porque você me ama.
-É, talvez. Um pouquinho.
-Own!
Ouvi o coro de vozes conhecidas mais ao fundo.
-HARRY!
-Desculpa babe,  eles tinham que ver isso. Deixe pra surtar na frente deles e vai se arrumar que eu vou passar aí em quinze minutos.
-Quinze minutos? Não dá nem pra levantar da cama.

Eu disse fazendo birra. Não era por mal.
-Vai logo. Te amo.
-Te amo, beijo.

Eu desliguei o telefone e comecei a gritar e a pular pelo quarto, me sentia com treze anos e indo no primeiro show. Surtar pela boyband era patético, mas inevitável. Minha avó abriu a porta do quarto para ver se estava tudo bem.
-Querida? O que aconteceu?
-O Harry, vó.
-O que tem ele?
Ela parecia preocupada.
-Ele vai realizar o maior sonho da minha vida!
Eu a abracei e comecei a pular junto com ela. Josette riu.
-Annabelle! Você deveria ir se arrumar então. Pare de pular pelo quarto menina! Parece até que tem cinco anos de novo.
Ela se desvencilhou do meu abraço e sorriu.
-Me ajuda á escolher uma roupa?
-Claro, querida.
Era bom estar perto da minha avó assim. De um tempo pra cá eu estava sempre com o Harry, ou com June e Eleanor. Era muito bom saber que eu nunca me afastei da minha avó. Deixei que ela escolhesse a roupa enquanto eu entrava rapidamente no banheiro. Minha avó separou meias grossas e uma saia jeans que eu não via há muito tempo. Botas de couro sem salto e um suéter de linha de cor branca com a gola grande. Meu celular tocou em cima da cama e eu pedi que minha avó atendesse enquanto eu me vestia.
-Oi querido!
Ela atendeu, provavelmente o Harry.
-Não, não. Ela já está descendo. Tudo bem, querido. Não se esqueça de vir aqui jantar conosco um dia desses. Claro, Harry. Até outro dia.
Ela desligou e me entregou o celular.
-Ele está aí em baixo. Eu vou ver se ele quer entrar.
Ela saiu do quarto e eu terminei de me arrumar. Calcei as botas e coloquei um colar de coruja que combinava com a roupa. O colar era da minha mãe. Ela sempre o usava, dizia que era pra dar sorte. Olhei a fotografia encaixada no espelho e sorri. Eu sentia a falta deles, mas não machucava mais.
-Estou indo vó, pode ser que eu não durma aqui.
Me despedi dela e corri para fora, o carro de Harry estava estacionado bem na frente de casa.
-Oi.
Ele puxou meu queixo e me beijou como fazia todos os dias. Exceto pelos gritos vindos do banco de trás.
-Mandou bem, Styles!
-Arrumem um quarto!
Eu me afastei e olhei para os garotos no banco de trás. Tom Fletcher e Dougie Poynter.
-Meninos.
Eu sorri e eles também.
-Você é a garota que laçou o Styles, então.
-Devo admitir, você é muito bonita pra ele.
Pelo amor de Deus, não diz isso pra mim Fletcher. Eu sorri e afivelei o cinto, os três ficaram brincando o caminho inteiro. Eles eram amigos. Eles eram amigos e eu estava indo na casa dos Fletcher.
Harry parou o carro em frente á uma casa enorme, ele deu a volta e abriu a porta para mim. Tom e Dougie me abraçaram e todos nós entramos na casa.
-Querida! Cheguei!
Tom gritou quando abriu a porta. Era exatamente como eu via nos vídeos, tudo decorado com lembranças da Disney e diversas estátuas de Lego espalhadas. Todos os personagens estavam vestidos para o Natal e a casa inteira estava decorada. Até o Marvin tentava arrancar o gorro que usava. Ele se aproximou de Tom e passou por entre suas pernas. Era o gato mais fofo do mundo.
-Gio?
Tom deixou as chaves na bancada e esticou o pescoço para ver a sala.
-Aqui na cozinha!
Ouvi a voz da Giovanna á minha esquerda. Tom nos chamou com um movimento de mão, eu o segui enquanto Dougie e Harry foram para a sala.
-Veja se não é a mulher mais linda do mundo.
Ele disse a abraçando e beijando a curva de seu pescoço. Giovanna riu com o carinho e beijou Tom.
-Olá você.
Ela disse contornando a bancada e vindo me cumprimentar.
-Está é a namorada do Harry, que deve estar largado na sala, Annie certo?
Tom respondeu enquanto procurava alguma coisa nos armários.
-Isso.
Eu respondi sem piscar.
-Está tudo bem? Você parece meio pálida.
Giovanna me olhou.
-Eu estou bem. Obrigada.
Eu ia surtar. Atenção todo mundo, fã prestes á explodir na cozinha.
-Deixe-me adivinhar, você é fã dos meninos.
Eu concordei com a cabeça.
-Venha cá, eu já me acostumei.
Ela me puxou para um abraço enquanto eu reprimia toda a vontade de sair gritando por aí.
-É só que eu ainda não acredito que isso tá acontecendo e eu estou na sua cozinha. Na cozinha da casa dos Flecther e o Tom está ali, e o Marvin e a Princesa Leia e, puxa, eu estou falando demais.
Eu disse tudo de uma vez enquanto me separava do abraço da senhora Fletcher.
-Sente-se melhor?
Tom perguntou sorrindo.
-Muito melhor, obrigada.
-Por nada. Bem, vamos aos negócios. Temos tempo antes de Zayn chegar com a Nathalie e os garotos já devem estar chegando.
-O que estão planejando?
Giovanna perguntou enquanto guardava algumas coisas no armário.
-Coisa rotineira, algumas músicas, algumas fotos... Juntar um casal apaixonado onde a garota ainda não sabe que o ama.
Tom deu de ombros.
-Alguém deveria contar pra garota então.
-Acredite, a gente tentou. Com ela tem que ser do jeito difícil.
Eu disse para Giovanna.
-E é por isso que estamos aqui. Vamos?
Ele ofereceu o braço á Gio e nós três voltamos para a sala. Eu me sentei ao lado de Harry no sofá, Dougie brincava com Marvin na poltrona enquanto Tom e Giovanna se sentavam no outro sofá.
-Chegamos em casa!
Danny, Harry, Liam, Louis e Niall nos cumprimentaram e se sentaram pela sala.
-Qual é o plano, garoto irlandês?
-Basicamente? Tudo o que eu falei pelo telefone.
Niall respondeu.
-Por favor, se você quer reconquistar a garota, faça isso direito.
Eu disse ajeitando a minha posição no sofá.
-Romance, Horan. Ouviu falar? Garotas gostam de romance. Até mesmo garotas como a Nathalie.
-O que você sugere?
-Nove de vocês são músicos. Aparentemente todos vocês são cegos. Gente, canta pra ela! É a melhor coisa que você pode fazer.
Os garotos concordaram com a cabeça.
-E você podia entregar a flor favorita dela pra ela, fazer algo especial. É impossível que milhares de garotas pelo mundo matariam pra ficar com você e você não consegue fazer com que uma te olhe como deveria.
Eu cruzei os braços.
-Acontece que é a garota mais teimosa que eu conheci.
-E por isso que vocês tem a mim. Eu a conheço muito bem, conheço os amigos dela. Eu sei como fazer com que ela escute você, mas aceitar ou não, é por conta dela.
-O que você tem em mente?
-A minha rua é muito pouco movimentada, eu consigo levar ela pra minha casa e mantê-la ocupada enquanto vocês arrumam o lado de fora. E a gente podia fazer um mashup com as músicas de vocês e do McFly, ia ser lindo!
Eu disse aos meninos o que eu tinha em mente, ia ser um pouco trabalhoso, mas valeria á pena. Todo mundo podia ver o quanto Nathalie ainda se importava com Niall. E era por isso que ela mantinha distância. Ela estava fazendo, mais ou menos o que eu fazia. Se afastando de todo mundo, pra não se machucar nem ninguém. Você não perde se você não joga e Nathalie estava fazendo questão de ficar fora do jogo.
-Podemos pedir as pizzas, senhora Fletcher?
-É claro senhor Fletcher.
Tom ofereceu a mão para Giovanna enquanto eles iam até a cozinha pedir a pizza, estava quase tudo combinado. Nathalie iria embora mais cedo e nós todos ficaríamos pra planejar o que faltava.
-De onde surgiu essa ideia toda?
Harry perguntou escondendo o rosto na curva do meu pescoço, causando-me arrepios.
-Todos aqueles livros serviram de alguma coisa, afinal.
Eu respondi afastando o rosto dele.
-Agora não.
Eu sussurrei e Harry riu alto.
-Ugh, pombinhos.
Nathalie disse atrás de nós.
-Ugh, fotógrafa.
Eu disse me levantando para abraçá-la.
-Me diz que eu to sonhando e estou na casa dos Fletcher com o McFly.
-Eu deveria estar falando isso!
Eu disse rindo. Nathalie olhou a sala inteira e sorriu.
-Cara, esse trabalho é bom demais pra ser verdade.
-Eu devo agradecer ao meu lindo namorado por ter me convidado também.
-Hum, estão assumidos assim? Eu achei que era mais naquele lance, vamos ficar escondidos de todo mundo e fingir que ninguém vê.
Nathalie fez uma voz esquisita, eu a empurrei de leve.
-Não, ele me pediu no final de semana. Babaca.
Eu mostrei a aliança para ela.
-Quem diria, Harry Styles com uma namorada. Parabéns, cachinhos.
Ela disse bagunçando o cabelo dele, Harry bufou.
-Agora lembrei porque estava sendo tão legal de ter longe.
-Cala a boca que você sentiu minha falta sim, agora levanta daí e vem me abraçar direito.
Ela disse puxando-o.
-Você é insuportável.
-Insuportávelmente linda, charmosa e irressitível.
-Isso é o tipo de coisa que o Zayn diria.
-Ei! Eu estou aqui.
-Não muda o fato de que você diria isso.
Harry disse rindo.
-Vocês já pediram? Eu estou faminta!
Nathalie deixou a bolsa e o casaco na bancada que dividia a sala e o corredor principal.
-Eu não sei, porque você não pergunta para os donos da casa, eles que ficaram de pedir.
Harry voltou a se sentar do meu lado. Nathalie revirou os olhos e seguiu procurando Tom e Giovanna pela casa, podíamos ouvir quando ela parava pra cumprimentar alguém. "Argh, você de novo Liam, cansei de ver você" Ela disse e depois riu. "Fotógrafa!" "McGuy!" Ela disse quando encontrou o Danny, provavelmente. Eu e Harry ríamos do que ela falava ás vezes.
-Se ela ver que vocês estão rindo dela, vocês estão mortos.
-Relaxe e se divirta um pouco, Malik. Você está precisando.
-É, o que há com você? June percebeu que haviam outros caras mais legais por aí?
Eu perguntei rindo. Zayn estreitou os olhos.
-Não é isso. Eu e ela estamos naquele lance de tentar um relacionamento de verdade, mas ela não quer ir pra Bradford comigo.
-Wow, calma aí garoto.
Eu me levantei do sofá.
-Você convidou ela pra ir conhecer seus pais?
-Sim.
-Tá maluco? A menina nunca teve um relacionamento que durasse mais de duas horas, á não ser com você, o que me faz perguntar o que te torna tão especial, mas o ponto é... Óbvio que ela vai surtar, ela nunca passou por isso na vida. E vocês são um casal propriamente dito, deve fazer uns três dias.
-Duas semanas. Falou você que é namorada do Styles faz três dias.
Eu ia responder mas Harry me puxou de volta.
-O que a Annie está tentando dizer, de um jeito nada delicado- Harry beliscou minha perna- É que June talvez precise de um pouco mais de tempo pra se acostumar com essa ideia de casal.
Zayn pegou o celular no bolso da calça e sorriu.
-Ou não, ela acabou de dizer que vem comigo.
Ele mostrou o telefone e saiu da sala.
-Harry.... Nós somos péssimos conselheiros de relacionamentos.
Eu tentei ficar séria, mas cai na risada depois.
-O que me leva a pensar se tudo isso que estamos fazendo vai dar certo.
-Claro que vai! Vocês vão cantar as músicas mais perfeitas da vida! Não tem como dar errado.
-Eu espero que você esteja certa.
-E quando eu não estou?
Eu disse tentando quebrar o gelo. Todo mundo naquela casa estava tenso porque aquilo ia acontecer amanhã. E muita coisa podia dar errado.
-Acho que a pizza chegou e ninguém contou pra gente.
-Eu vou lá ver.
-Pode ir lá, eu vou ligar pra Carolyn. Qualquer coisa fala que eu fui ao banheiro.
Eu disse pegando o celular e indo para fora da casa.

P.O.V.- Carolyn Stevens
-Não é errado mentir pros seus pais daquele jeito?

Jake disse secando o cabelo com a toalha. Eu suspirei.
-Eles não podem saber Jake, não agora. Eles dois acreditam muito nessa coisa de sexo só depois do casamento, minha mãe sabe que eu não sou santa, mas engravidar antes de ser casada é uma coisa que ela não tolera.
-Como você sabe disso?
Ele se sentou na cama.
-Ela tinha uma amiga do colégio eu acho, que engravidou do namorado aos dezesseis. Elas nunca mais se falaram.
-Não pode ser tão ruim assim. É a melhor coisa que ainda não me aconteceu.
Eu sorri e me ajoelhei do lado dele.
-Vai brincando com isso. Ninguém pode saber, eu não sei como Nina descobriu, mas isso tem que ficar entre a gente. Eu vou adiar até quando eu puder.
-Isso significa que temos que casar na próxima primavera.
-Não veja isso como algo ruim, você que veio com essa história, pra começo de conversa. E eu sempre quis casar na primavera, vai ser um pouco antes que o esperado, mas quem liga.
Eu sorri e beijei ele. Estávamos nessa conversa desde que voltamos da casa dos meus pais. Sim, eu estava grávida. Sim, eu menti pros meus pais e eu só descobri isso alguns dias depois que Jake me pediu em casamento. Não era tão terrível assim, eu estava até feliz. Eu sempre quis ter um menino, acontece que vai ser um pouco antes do que eu esperava. Nada demais.
-Seu celular está tocando.
Jake estendeu o aparelho para mim.
-Alô?
-Carolyn? É a Annie.
-Oi Annie,  e aí?
-Tudo bem, eu estou ligando pra te manter atualizada sobre o plano do Horan. Vai ser amanhã, na minha casa.
-Mas já?
-Nathalie andou pensando em passar o Natal em outro país. Temos que correr contra o relógio aqui.
-Certo, pode contar com a gente. Eu quero estar lá pra ver isso acontecer.
-Tá, é só pra avisar mesmo. Eu te passo o horário mais tarde.
-Ok. Até mais Annie.
-Até mais.
Ela encerrou a chamada e Jake levantou a sobrancelha como quem diz "O que foi isso?"

-Anda, temos que ajudar o casal problema a ficar junto.
Eu peguei a mão dele o ajudei a levantar. Precisávamos comprar algumas coisas para que tudo ficasse perfeito.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Capítulo 36

Capítulo 36- P.O.V- Annie DeLarue
Eu achei que fosse algo horrível, monstruoso, nojento e esquisito. Mas eu só conseguia pensar o quão gentil e carinhoso ele foi, arranjando o jantar no ponto mais alto da cidade, dizendo todas aquelas coisas para mim e depois, sendo tão cuidadoso comigo. Comecei a me sentir um tanto idiota por tê-lo dispensado e fingido que não queria nada com ele. Harry disse que era uma pessoa melhor comigo, mas ele não via que eu também era melhor com ele. E isso, era melhor do que qualquer ficção açucarada, Nicholas Sparks ou romances de quinhentas páginas. Era real. Ele gostava de mim inteiramente e verdadeiramente, e eu não duvidava disso.

-O que está escrito na aliança?
Eu perguntei á ele quando acordamos na manhã seguinte. Harry sorriu.
-Sou tão sortudo por ter aquela que foi mais difícil de ter. Conveniente, não acha?
Eu sorri.
-Você é maluco.
-Talvez. Ou talvez eu seja maluco por você.
Ele se virou para me encarar.
-Ai.
-Eu sei.
Ele sorriu.
-É, eu sei. Clichê demais.
-É. Vamos comer antes que você fale alguma outra besteira.
Ele sorriu e se levantou da cama. Eu escondi o rosto enquanto ele se trocava.
-Até parece que nunca viu.
-Calado. Anda logo que eu quero me vestir.
Harry resmungou alguma coisa e subiu na cama pouco depois.
-Pronto. Devidamente trocado.
Ele tirou o cabelo dos meus olhos e me olhou com aquele sorriso meio sacana meio gentil que só ele tinha.
-Agora, se me dá licença.
Eu me enrolei no lençol e me tranquei no banheiro. Olhei-me no espelho por um tempo, tentando notar algo diferente em mim mesma. Tirando o sorriso idiota, nada havia mudado. Tomei um banho rápido e me troquei em seguida. Harry não estava no quarto então eu desci as escadas em silêncio pra poder assustá-lo.
June, Eleanor, Zayn, Louis e Harry estavam na cozinha, eles estavam sentados á mesa conversando.
-Então você se deu bem ontem á noite?
-Como foi Harry?
-Vocês não deveriam estar perguntando isso para mim.
Ele deu de ombros e me indicou com a cabeça. Os quatro se viraram para mim e começaram a me encarar.
-Aí está ela!
-Como foi ontem?
Eu me recusei a responder, caminhei até a geladeira.
-Espera, espera. Eu posso até imaginar já.
-Oh Harry! Ai meu Deus! Harry!
Fechei a porta da geladeira com força e saí pela porta lateral. Eles não tinham o direito de saber! Não tinham o direito de ficar fazendo piada sobre isso.
-Ei.
Senti a mão de Harry no meu ombro esquerdo. Me desvencilhei dele e continuei andando.
-Annie!
Ele me alcançou e me girou, fazendo com que eu o encarasse.
-Eles são idiotas, estão brincando comigo. Não com você.
-Mas você não fez nada!
Tirei a mão dele do meu ombro com raiva.
-Porque eles estavam brincando! Me desculpa, eu não devia ter deixado.
-Como eles sabiam disso, de qualquer jeito?
Ele coçou a nuca e olhou para cima.
-Zayn, Liam e Louis me ajudaram a planejar o jantar e eu acho que eles contaram para as meninas.
-Então todo mundo sabe?
-Todo mundo... Todo mundo não. Acho que Niall e Nathalie não fazem ideia. Me desculpa.
Ele puxou meu queixo para cima.
-Você vai ficar brava por uma coisa dessas?
-Não.
Eu murmurei e Harry beijou a minha testa.
-Eu vou lá falar com eles. Me dê três minutos.
Ele entrou na casa e voltou rapidamente.
-Pronto. Você pode entrar agora.
Ele entrelaçou sua mão na minha e entramos juntos na casa. Nem June, nem Eleanor, Zayn ou Louis falaram nada. Eu me sentei á mesa e ficamos em silêncio por um tempo.
-Annie... Desculpe por ficarmos fazendo piadinhas.
-É. Desculpe por isso.
-Nós agimos como crianças.
-É. Desculpa.
Eu sorri para eles.
-Tudo bem. Eu deveria levar as coisas mais na brincadeira.
-Todos de bem outra vez?
Harry perguntou saindo da cozinha.
-Sim!
Eu e June respondemos ao mesmo tempo.
-Ótimo! Porque eu fiz o café da manhã.

P.O.V.- Jenna Porter- Um dia antes.
-Jenn! Me desculpe o atraso, minha mãe não quis me deixar sair antes que eu fizesse a aula de piano e você já sabe...

-Tudo bem Cassie. Eu acabei encontrando a Nathalie aqui.
Eu andei com Cassie até o cinema.
-Nathalie? A sua meia irmã famosa?
-Ela não é tão famosa. São os garotos daquela banda.
Ela colocou o braço na minha frente e me encarou.
-"Daquela banda"?
-Não vem com essa agora Cassie. Eles são uma banda. Só.
Ela rolou os olhos e entrou na fila para comprar os ingressos.
-Millenium então?
-Você sabe que Daniel Craig é um gênio. E ele é um jornalista investigativo.
-Sei sei, sua carreira dos sonhos. Vamos logo com isso.
Ela abanou as mãos e compramos os ingressos. Apesar de querer muito ver esse filme, não consegui prestar muita atenção. Eu não conseguia parar de pensar em Nathalie, nas notícias em que ela estava envolvida e em todo o escândalo com aquela boyband. Ela me parecia tão.... Exausta de certa forma.
O filme acabou e Cassie balançou a mão na frente do meu rosto para me acordar.
-Ei, vamos?
-Claro.
Nos levantamos e o celular dela tocou, pela cara que Cassie fez, era a mãe dela.
-Não, mãe.
Não dava pra ouvir direito o que a mãe da Cassie falava.
-Me desculpe. Eu sei que só devo sair de casa com todas as tarefas feitas.
Mais um minuto com a mãe da Cassie falando.
-Tudo bem. Me desculpe.
Eu olhei para Cassie, esperando o óbvio.
-Ela quer que eu volte imediatamente para casa.
-Ela está brava?
-Você sabe que ela nunca fica brava. Mas fala com aquele tom de voz educado e prepotente que faz você pensar que você está errado.
-Sinto muito por isso.
-Eu é que sinto muito. Acho que nossa pizza fica pra outro dia então.
-Não tem problema, Cass. Vai pra casa antes que sua mãe te leve educadamente até lá.
Nos despedimos e eu acabei sentada na cafeteria do shopping com metade de um muffin e um café frio. Eu não estava interessada em comer, de verdade. Eu apenas rolava minha Dashboard no celular, procurando alguma coisa interessante.
-Sabe, seu entusiasmo me assusta.
Levantei os olhos da tela e me deparei com Liam sentado á minha frente. Ele sorriu para mim e eu olhei de relance para a tela do celular, constatando que havia uma foto dele e dos garotos num iate ou coisa assim. Abaixei o celular e sorri para ele.
-O que faz aqui?
-Nada demais. O que tem no telefone?
-Não é educado responder minha pergunta com outra pergunta!
Eu puxei o celular para mais perto de mim.
-Eu já te respondi. Falta você.
-Nada demais.
Eu o olhei como se o desafiasse.
-Certo. Niall estava lá em casa e pediu que eu trouxesse muffins e café. O que tem no celular?
-Nada demais. Cara, você é muito curioso.
-Você não vai me falar?
-Não.
-O que você faz aqui?
-Abandonada pela melhor amiga com uma mãe controladora. Nada demais.
Ele sorriu.
-Você está presa nesse shopping desde de manhã?
-Tecnicamente... Sim.
-Vem, vamos dar uma volta.
-Mas eu nem terminei de... Liam!
Ele me puxou para fora do café e a gente foi andando pra fora do shopping.
-Você tem hora pra chegar em casa?
Ele perguntou.
-Porque? Vai me sequestrar e devolver aos pedaços na hora certa?
Ele sorriu e olhou para mim.
-Eu não sou um assassino.
-Quem disse que não?
-Minha vida inteira está exposta pro mundo todo olhar. Alguém saberia se eu fosse um assassino. E olha só pra mim, você desconfiaria de algo?
Eu o encarei por uns minutos.
-Os quietinhos são os que mais aprontam.
Foi a minha conclusão. Liam sorriu.
-O que eu posso fazer sem que você desconfie de mim?
-Hum- Eu fingi pensar por um minuto- Pizza!
-Pizza?
-É, eu tinha marcado de passar no Domino's pra pegar uma pizza, mas minha amiga teve que ir pra casa.
-Sorte a sua quem tem uma logo ali.
Liam apontou para a pizzaria no final da rua.
-Você não precisa fazer isso, eu só queria tirar uma com a sua cara.
-Nada disso, agora a gente vai até lá e vai comer pizza.
Nós dois andamos até a pizzaria e compramos uma pizza grande de pepperoni, depois nos sentamos nas mesas para comer.
-Você se importaria se eu fizesse uma pergunta?
-Não.
Ele deu de ombros.
-O que foi todo aquele rolo na última turnê? Eu sei que não é da minha conta, mas Chloe começou a fazer perguntas e a dizer que Nathalie e Niall eram perfeitos juntos, e eu não entendi nada.
-A verdade resumida é que eles dois brigaram, com pouco menos de um mês pro fim da turnê. Ela pegou um avião pra qualquer lugar e ele ficou chateado desde então.
-Eles ainda estão brigados?
-Eu acho que sim- Ele deu de ombros- Eles se acertam e brigam, se acertam e brigam de novo. Eu não entendo aqueles dois. Mas porque a pergunta?
-Ela me pareceu... Distante. Eu sei que nos conhecemos há pouco tempo, mas sei lá, eu cresci com os sussurros do meu pai sobre Nathalie Simmons, ninguém nunca me respondia sobre ela até que a garota aparece na porta da minha casa. É meio frustrante saber que ela é minha meia irmã mais velha e eu não sei nada sobre ela.
Eu soltei tudo de uma vez, falando tudo o que queria ter falado para os meus pais em todos esses anos.
-A Nathalie tem passado por muita coisa, você sabe. Seu pai voltando e... A morte da mãe dela. Eu sei que ela precisa de tempo pra voltar a ser a nossa Nath. Você devia tê-la visto quando nos conhecemos... Ela ficava vermelha por tudo!
Eu ri imaginando a cena e depois olhei para Liam, e achei tudo aquilo irreal demais. Ele era famoso, tinha namorada... E estava aqui, no meio da noite, numa pizzaria no centro falando comigo. Eu parei de rir e a gente ficou naquele silêncio, se encarando. Eu não queria ter previsto o que poderia acontecer. Porque quando o telefone do Liam tocou, e ele sorriu se desculpando e caminhou três passos pra poder atender, eu continuei na expectativa.
-Me desculpe, Niall parece uma criança faminta. Eu vou ter que levar os bolinhos pra ele.
Eu me levantei e acompanhei Liam até a porta.
-Bom, foi legal de qualquer jeito.
-A gente combina de sair outro dia.
Ele disse.
-Então tchau.
-Tchau.
Ele se inclinou para me abraçar ao mesmo tempo em que eu estendi a mão. Acabamos em um abraço esquisito com o meu braço no meio do caminho. Eu sorri envergonhada e me despedi com um aceno de mão quando ele andou na direção contrária á minha.

P.O.V.- Carolyn Stevens- Alguns dias depois.
-Eu não acredito que você vai falar com os meus pais.

Eu enterrei meu rosto nas mãos quando a placa avisando que Gillingham ficava á esquerda, ficou para trás.
-Eu fui ensinado com valores, Carolyn, mesmo que eu tenha pedido sua mão pra você, não significa que eu não tenha que falar com os seus pais.
-Você vai se arrepender disso.
Eu resmunguei tentando me controlar. Meu pai é militar, por isso que, devido á minha "teimosia" e "desobediência" em casa, eu estudei em internatos a maior parte da minha vida. Meu pai sempre foi do tipo controlador e, enquanto a maioria das meninas saía com suas mães e amigas, eu recebia treinamento quase militar em casa. Eles só... são muito duros com todo mundo, por isso que minha mãe e Nathalie só se falavam por telefone. Christina não seria rude com alguém pelo telefone, exceto comigo. "Você não tem se alimentado direito, o que seu pai lhe ensinou sobre uma boa alimentação?" "O que são essas olheiras debaixo dos seus olhos? Você não aprende que tem que ter oito horas de sono tranquilo?" Por essas e outras coisas que eu nunca levei nenhum garoto pra casa. Até hoje.
-Relaxa Carol, eles não são tão ruins assim.
-É bem provável que meu pai mande você fazer flexões.
-Carol, olha pra mim- Eu desviei o olhar para encará-lo- é um almoço com a sua família, voltamos pra Londres em duas horas. Vai dar tudo certo.
E foi isso o que eu continuei repetindo para mim, meu coração acelerado e as mãos que suavam, até chegar na velha casa onde eu costumava morar. Jake parou o carro na frente do portão de madeira e me deu um selinho antes de sair e abrir a porta para mim.
"Vai dar tudo certo" Vai dar tudo certo"
-Carolyn!
Minha mãe abriu a porta com um enorme sorriso. Eu não havia desde sempre. Ela estava com os cabelos louros na altura dos ombros, arrumados milimétricamente. Ela parecia ter acabado de sair de um filme americano dos anos 50. Vestido de meia manga até os joelhos, sapatos de salto e um avental de cozinha no corpo. O que era uma piada. Ela nunca cozinhou.
-E este deve ser Jakell. Muito prazer em conhecê-lo.
Ela sorriu e deu-lhe um beijo estalado na bochecha.
-Entrem!
Ela disse com um entusiasmo questionável para mim, entramos logo atrás dela. A casa inteira cheirava á biscoitos de gengibre, como uma antecipação para o Natal.
-Seu pai está na sala querida, está louco pra te ver.
Ela sorriu e andou até a cozinha, que ficava na direção oposta á sala. Andamos até lá, meu coração na garganta pelo medo de ter que bater continência na presença do meu pai. Calvin era um homem na casa dos quarenta, tinha alguns fios grisalhos na cabeça e não tinha nada que não se esperasse de um ex-militar.
-Olá.
Eu disse quando chegamos na sala. Meu pai abaixou o jornal e me olhou sério por um instante. Eu engoli em seco.
-Achei que nunca chegariam.
Ele disse e sorriu de lado. Bem, era quase um sorriso.
-Você deve ser o namorado da Carolyn. Muito prazer.
Meu pai e Jake apertaram as mãos, e minha mãe me chamou na cozinha.
-Vai lá.
Jake sussurrou para mim, e meu pai pediu que ele sentasse. Á cada passo longe da sala, eu sentia que algo estava muito errado. Algo do tipo, "Querida, esperamos vinte e um anos pra te contar um segredo extraordinário, espero que não se importe em contarmos quando seu pai terminar de estrangular seu namorado." Eu engoli em seco e entrei na cozinha.
-Carolyn.
Minha mãe disse, sem o entusiasmo de antes. Eu sabia que tinha algo errado.
-Mãe.
Eu respondi.
-Três meses sem notícias suas. Acha que isso está certo?
Eu pensei em responder que eram vinte anos sem vê-la direito, mas eu não queria estragar o clima.
-Me desculpe, com o trabalho e tudo o mais...
Ela ergueu a mão para que eu parasse de falar.
-Se não fosse a Nina me contando que você tem um novo namorado, eu nunca saberia!
-Eu o trouxe hoje.
Tentei não alterar meu tom de voz.
-E avisou ontem. Sabe como isso soou? "Ei mãe, eu estou grávida!"
-Isso é ridículo.
Eu resmunguei.
-Acha mesmo? Porque seu pai acha muito sério.
-Você contou pro meu pai?
Eu quase gritei. Mas lembrei que eles estavam á alguns metros de mim.
-E você acha que eu não contaria? Isso é sério Carolyn.
-Olha mãe, eu não sei o que deu em vocês. Eu não estou grávida. Não mesmo. O motivo de eu ter trago Jake aqui, foi porque ele queria comunicar á vocês, que a gente vai se casar.
Eu disse tudo de uma vez, nem notei que tinha gente atrás de mim.
-Vocês o quê?
Meu pai disse e eu congelei.
-Vamos nos casar. Não era bem assim que eu pretendia dar a notícia- Jake me olhou sorrindo- Mas é basicamente isso. Eu dirigi até aqui, pra pedir a mão da sua filha em casamento.
-Você... Você não está grávida, não é Carolyn?
Meu pai me olhou torto, como se aquilo fosse um problema.
-Não pai. Não estou grávida e não planejo estar pelos próximos seis anos. Satisfeito?
-Olhe os modos.
Meu pai e minha mãe disseram ao mesmo tempo. Foi bizarro.
-Então. Eu... Tenho a benção de vocês pra casar com a sua filha?
Jake disse, totalmente sem jeito.
-Mas é claro querido!
Minha mãe disse, com o entusiasmo esquisito outra vez.
-Senhor?
Jake perguntou, já que meu pai não respondeu.
-Cuide bem da minha menina, rapaz.
Dito isso puxou Jake pra um abraço esquisito. Minha mãe pediu que nos sentássemos enquanto ela trazia o almoço, e, por incrível que pareça, tudo correu bem.

P.O.V.- Nathalie Simmons 

*N\A- Pra quem não viu alguma foto do Tom Leishman, melhor olhar (ele é muito gato :) )
Meu celular tocava como louco no andar de baixo. Eu corri para atendê-lo.
-Nathalie Simmons?
-Sou eu. Quem é?
-Aqui é Tom Leishman, espero que não se importe, eu peguei seu número com John.
Eu congelei. Era o Leishman. Porque diabos Tom Leishman queria falar comigo?

-Ah, sim. Leishman. Em que posso ajudá-lo?
Eu já podia sentir minhas mãos tremendo.

-Bem, como a senhorita deve saber, todo ano temos as propagandas do Text Santa. Vou ter muito trabalho e precisava de ajuda esse ano, John me falou muito bem de você.
-Senhorita- Eu ri- Como se você fosse muito mais velho do que eu, Leishman.
-É força do hábito. Então, você topa?
Ele riu também e eu queria morrer. Tom Leishman estava me ligando para ajudá-lo a fotografar. Eu só podia estar sonhando.

-Claro! Espera... O que eu tenho que fazer? 
-Eu o John marcamos uma reunião no prédio da People as três. A gente conversa lá.
-Pode deixar. Até mais tarde.
-Até mais, Simmons.
Eu desliguei o telefone e me senti animada. Subi correndo e tomei um banho, eu ainda precisava comer antes de ir até a People. Me arrumei rapidinho e desci até a garagem.
(http://www.polyvore.com/remembering_sunday_nath_simmons/set?id=87854091)
No caminho para a People, passei no drive-thru do Morley's, que é tipo um Mcdonalds britânico onde os lanches são de frango. Era até gostoso. Os nuggets eram M-Bites e os lanches eram Morley's Chicken Burgers. Eram quase idênticos o que me fez achar que  senso de humor britânico não era assim tão ruim. Eu estacionei o carro na vaga de funcionários e subi até  a minha sala. Leishman e Castle conversavam animadamente em sua sala, o andar inteiro estava vazio á não ser por nós três. Eu me aproximei da sala de John e bati na porta de vidro.
-Cheguei.
-Ah, Nathalie! Entre, estávamos falando de você.
-Coisas boas, eu espero.
Eu disse enquanto me sentava ao lado de Tom Leishman.
-São sempre coisas boas. Aqui, não acredito que vocês foram apresentados ainda. Tom essa é a Nathalie, Nathalie esse é Tom.
Nós apertamos as mãos e Tom sorriu para mim.
-E então... O que estão planejando?
Eu me virei para John.
-Você deve saber que há uma campanha beneficente chamada Text Santa, na época do natal, juntamos dinheiro para a caridade.
-Acontece que esse ano temos um prazo muito curto para entregar as campanhas, culpa do pessoal do marketing, juro.
-Enfim- John continuou- Tom precisa de ajuda e você é a melhor fotógrafa disponível no momento. Eles vão te pagar um bônus por cada foto e algumas delas vão ser publicadas na People, pagamento em dobro.
-Eu aceitaria se fosse você.
Tom sussurrou.
-E além de tudo você vai conhecer as bandas que vão participar, você topa?
-Claro que sim! Quer dizer, é uma ótima oportunidade. Quando a gente começa?
-Agora. Estávamos esperando sua resposta.
Tom se levantou e pegou o casaco.
-Sua fé em mim é questionável, Castle. E se eu tivesse dito não?
Eu disse me levantando também.
-Eu sabia que você ia aceitar. Anda logo, você vai ter um dia e tanto hoje.


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Capítulo 35

P.O.V- Annie DeLarue
-Vovó, tem certeza de que vai ficar bem? 

Josette riu docemente e me olhou.
-Você tem que parar de me tratar desse jeito, a criança aqui é você.
Ela sorriu e colocou a mão em cima da minha.
-Eu não sou criança.
Disse de maneira emburrada, o que só fez confirmar o que Josette havia tido. Ela sorriu outra vez.
-Os médicos disseram que está tudo bem, não há motivos para se preocupar. Vá curtir seu final de semana com o Harry.
-Eleanor, Louis, June e Zayn também vão!
-Eu sei minha filha, mas duvido que você não fique sozinha com ele.
Ela deu uma piscadinha ao mesmo tempo que a a buzina conhecida soava do lado de fora de casa.
-Até logo, vovó!
Eu me despedi com um aceno e encontrei o Land Rover de Harry estacionado na frente de casa. Harry destravou a porta para mim e me cumprimentou com um longo selinho quando eu me sentei no banco do carona.
-Eca! DPA!
Louis gritou no meu ouvido, eu sorri e me virei para encará-lo.
-DPA?
-Demonstração Pública de Afeto.
Ele disse e cruzou os braços. Eleanor rolou os olhos teatralmente e sorriu para mim, se desculpando pelo namorado.
-E aí?
Eu disse para o outro casal, que estava espremido e se abraçando.
-Oi Annie.
Zayn sorriu para mim e soltou uma risada quando June fez cócegas em seu pescoço.
-Eu vou deixar os pombinhos á sós, porque eu não quero vomitar.
June mostrou a língua para mim e eu afivelei meu cinto, sorrindo para Harry que sorria para mim.
-Legal, daqui á uma hora e meia estaremos em Brighton.
Ele deu partida no carro e seguimos para a cidade de interior.

-Tem certeza que não vamos ter nenhum problema dessa vez? Eu quero muito curtir a praia enquanto o inverno não chega.
June tirou sua mala do porta-malas do Land Rover e encarou Harry.
-Cem por cento de certeza. Os pombinhos problemáticos não vieram dessa vez.
Ele pegou minha mochila, mas não me entregou.
-Deixa que eu levo isso.
Ele piscou para mim e pegou minha mão. Nós dois subimos até seu quarto e ele fechou a porta, mantinha um sorriso malicioso nos lábios.
-Nem vem Styles.
Eu disse tirando a jaqueta e olhando para ele.
-É um final de semana, estamos sozinhos...
Ele andou até mim e colocou as duas mãos na minha cintura.
-Não estamos sozinhos, seus amigos estão aqui e não vai rolar nada, acredite.
Ele enterrou a cabeça na curva do meu pescoço.
-Vou fazer você mudar de ideia, DeLarue. Ah se vou.
-Sonha.
Eu disse, desprendendo-me do seu abraço. Harry ergueu as mãos em rendição no momento em que June abria a porta.
-Ainda bem que vocês estão vestidos, porque eu já entrei no quarto.
Harry arqueou uma sobrancelha para June, que sorriu e me puxou pela mão.
-Sinto muito roubar sua garota, Styles. Mas a gente vai dar uma saidinha.
June me puxou pelo braço até o quarto que ela dividia com Zayn. Ele não estava lá, mas Eleanor estava.
-A que devo a honra de ser arrastada até aqui?
June fechou a porta e pediu que eu me sentasse.
-Legal, ahn... o Niall me ligou ontem a noite e pediu a minha ajuda. Bem, não minha ajuda exatamente, mas a de todo mundo.
-E o que ele quer?
Eu perguntei, Niall não tinha aparecido o mês inteiro, e quando aparece vem pedir ajuda.
-Bem, é meio complicado de explicar. Ele é maluco e o plano dele tem muita chance de dar errado, mas ele me pareceu... Arrependido. E acho que vale á pena tentar.
 June nos explicou em todas as palavras, o que Niall havia pedido no telefonema. Ele era um garoto esquisito, fazer uma coisa dessas é pedir pra morrer, principalmente porque eu tenho quase certeza como isso vai acabar.
-E se não der certo?
-Ele vai ficar com cara de bunda na frente de todo mundo.
-Mas e se der certo?
Eu perguntei, a metade apaixonada por romances em mim se manifestando prontamente.
-Bom, aí ele não fica com cara de bunda. Vocês vão me ajudar ou não? Ele só tem um começo, eu ainda não sei como vamos fazer dar certo.
-Isso é tão... Legal!
Eleanor sorriu, e era mesmo. O que Niall pretendia fazer era digno de páginas em romances açucarados.

P.O.V.- Harry Styles
Zayn e Louis entraram no meu quarto no mesmo momento em que June arrastava Annie para fora. Eles me fizeram ficar calado e ouvir tudo o que tinham a dizer.
-Niall é um completo babaca.
-Sabemos disso.
-Holly foi um erro mas isso aí pode ser um desastre.
-Sabemos disso.
-E se der errado e a gente perder também? Pensaram nisso?
-Sim, Harry. Dá pra parar com isso? A gente vai precisar da sua ajuda. Seja um bom amigo para aquele idiota e nos ajude.
-Certo.
-Você vai ajudar?
-Uhum. Mas se der errado, eu mesmo soco a cara dele.
-Combinado.
Zayn e Louis disseram juntos, eu não sabia porque tínhamos que combinar isso separados, já que as garotas também sabiam.
-Ah, mais uma coisa. O que você planejou para amanhã?
Louis cruzou os braços e me olhou com uma sobrancelha arqueada.
-Nada demais, jantar, praia. Algo bem romântico.
-Ela é especial Harry. Merece algo especial. Eu nunca vi alguém te mudar tanto como aquela garota.
-Eu sei.
Disse com um sorriso.
-Então eu espero que saiba que se você a magoar, eu vou ter que providenciar que eu não tenha afilhados.
Louis deu um tapinha no meu ombro e saiu. Eu sabia que ele não estava brincando, Annie era especial e eu não tinha nenhuma intenção com ela, se não de fazê-la minha. Eu desci para a sala onde eles estavam amontoados, prontos para ver um filme. Annie sorriu para mim e tirou a almofada que guardava o meu lugar, ao lado dela.
-Que filme vocês querem ver?
-Porque a gente nunca sabe que filme assistir, meu Deus!
June disse e depois riu.
-Tá, serve qualquer um.
Zayn colocou o dvd e iniciou o filme, Annie encostou a cabeça no meu ombro e entrelaçou nossas mãos.  E eu não me importaria em passar as noites de sexta-feira assim. É estranho pensar que eu era muito diferente do que sou agora, não que eu desisti de ir em pub's ou baladas, é só que não tinha tanta graça. Não sem ela. E é exatamente por isso que a caixinha de veludo está na minha mala, porque eu quero dizer isso á ela. Porque ela merece todo o romantismo dos livros, todos os contos de fadas do mundo. Ela merece.

P.O.V.- Carolyn Stevens
Nathalie me ligou por volta de uma da tarde, ela estava rouca e não parecia nada bem, apesar de me dizer o contrário.
-Você é uma péssima mentirosa, não acredito que está mentindo pra sua melhor amiga. Eu sei que eu não estou no universo One Direction, mas eu mereço um pouco de atenção!
Eu disse quando ela se sentou no sofá de casa, com a expressão totalmente desolada.
-Tá tudo de cabeça pra baixo Carolyn!
-De cabeça pra baixo? Você tá amiga da boyband mais famosa do momento, já pegou um deles e ainda pegou um jogador de futebol gostoso, filho da puta, mas gostoso. Quisera eu que meu mundo estivesse de cabeça pra baixo assim.
Nathalie me encarou com sua melhor cara de assassina.
-É eu sei, eu toquei nos assuntos proibidos, me desculpe.
Nathalie respirou fundo e voltou a ficar com aquela cara depressiva.
-Ei, sabe o que iria te animar?- Ela levantou os olhos para mim- Chocolate e boas notícias.
-Que boas notícias?
-Jake ganhou o caso e está voltando hoje.
-O QUÊ?
Acho que eu fiquei surda.
-E como você não me fala isso? Como ele não me falou sobre isso?
-Ele me avisou tem meia hora criatura, relaxa. Os papéis saíram de madrugada, ele não quis acordar a gente.
-Eu vou matar aquele idiota.
Ela parecia furiosa, mas estava sorrindo.
-É, mate o idiota depois que eu falar com ele, certo?
Nathalie me encarou por um momento, com um sorriso sapeca nos lábios.
-Que dia é hoje?
- Vinte e oito de novembro, porque?
-Pra um acordo que deveria durar três meses, vocês estão mais do que ótimos.
Arregalei os olhos com a surpresa. Eu nem me lembrava do maldito acordo, Jake e eu havíamos aprendido a conviver e com isso fomos ficando mais próximos. Uma coisa levou a outra e essa coisa me levou á uma surpresa que ele disse ter para mim.
-Cala a boca.
Foi tudo o que consegui responder. Eu gosto do Jake, dane-se se foi por causa de um acordo estúpido entre a gente.
-Idiota. Quando ele chega?
-Daqui á duas horas. Tem bastante tempo pra gente comer e resolver sua crise existencial.
Eu e Nathalie cozinhamos o almoço e tentamos resolver os problemas dela, que na verdade, não passava de frescura da parte dela. Niall era um bom garoto, um pouco lerdo e idiota, mas um bom garoto. Nathalie estava apenas sendo a orgulhosa de sempre em não perdoar o coitadinho e ficar chorando pelos cantos. Ela que estava complicando tudo e, quando eu falei isso, claro que ela negou.
-Tá. Dane-se, eu não consigo resolver as coisas se você continuar sendo cabeça dura. Anda, a gente vê isso mais tarde, Jake chega em meia hora e eu não quero chegar atrasada.
Ela se levantou e caminhamos até a garagem, onde o carro do Jake estava, dirigimos no trânsito carregado de Londres até Heathrow. Jake já estava nos esperando no portão de desembarque, ele sorriu para mim e olhou para a Nathalie parcialmente furiosa ao meu lado.
-Porque não me mandou notícias, idiota. Eu estava com saudades.
Ela o abraçou e disse algo em seu ouvido, ele sorriu para ela e caminhou na minha direção.
-Com saudades também?
Ele me puxou pela cintura e me beijou do modo que eu imaginava há três meses. Até agora, o fato de Jake estar longe era algo que eu podia lidar, mas tê-lo aqui, comigo, me fez perceber o quanto ele me fez falta.
-E eu achando que esse dia nunca iria chegar.
Nathalie limpou a garganta e Jake se afastou para encará-la.
-Certo, que tal um jantar pra compensar, baixinha?
Ele a empurrou de brincadeira e entrelaçou sua mão na minha.
-Tem um restaurante de comida chinesa no centro, é muito bom.
Nathalie falou enquanto andávamos até o carro.
-Então tá, a gente se encontra lá as oito.
-Belo jeito de me dispensar, Collins.
Nathalie resmungou.
-Você quer mesmo ficar de vela? Porque eu tinha planos com a Carolyn e...
-Argh! Eu não quero ouvir!
Nathalie tapou os ouvidos enquanto entrava no carro, e eu me perguntava se os planos de Jake tinham a ver com a tal "surpresa".

P.O.V- Nathalie Simmons
Jake me deixou em casa e eu estava muito feliz por ter meus dois melhores amigos como um casal, mesmo que isso implicasse em ter a tarde toda livre. Liguei a televisão e fiquei contente por saber que tinha Warner no meu pacote de canais, matei um pouco da saudade de casa enquanto fazia o almoço. Meu celular tocou enquanto eu assistia um episódio de The Big Bang Theory,  a foto de um Liam sorridente estava na tela com o nome " Leeyum"

-Você mexeu nos meus contatos de novo!
Atendi o telefone e ele riu do outro lado da linha.

-Como sabe que fui eu?
-Porque eu tinha outra foto sua aqui, espertinho.

-Em minha defesa, Zayn não deveria ter tirado aquela foto. Enfim, você tá livre agora á tarde?
-Infelizmente sim, já que meus amigos são um casal agora e eu tenho que dar privacidade á eles.
-Jake e Carolyn?
-É. Mas e você? Não foi para Brighton com os meninos? 

-Nah, eles saíram em casais e, você sabe...
-Desculpe.
-Não, está tudo bem. Danielle é passado.

-Vamos esquecer isso e nos vingar dos seus amigos idiotas, vamos passar a tarde toda juntos.
Eu ri e Liam também.
-Eu passo aí em meia hora, vamos nos divertir sem aqueles babacas.
-Te vejo em meia hora então.
-Até mais, Nath.
Eu desliguei o telefone e deixei a louça na pia antes de subir para tomar banho e me arrumar. Liam chegou pontualmente e nós dois fomos ao shopping.

-Aqui, manda uma foto pra eles saberem que estamos nos divertindo imensamente.
Eu lhe entreguei o celular para que ele tirasse a foto.  Ele mostrou a língua e eu ri para a câmera.
-Olha, ficou bem engraçado. Acho que vou ficar com essa pra mim.
Liam disse depois de enviar a foto para os meninos.
-Não! Eu estou horrível, olha só pra isso.
Eu tentei tirar o celular das mãos dele, mas não funcionou.
-Liam!
-Nathalie!
-Me devolve, eu tô falando sério.
-Aqui. Você é muito chata.
Ele me entregou o celular e olhou para o lado por um instante.
-Ei, é impressão minha ou aquela garota está te encarando?
-Talvez ela seja uma fã e está com ciúmes.
Eu me virei para olhar e vi Jenna olhando para mim, tentando saber se era eu mesma. Eu acenei para ela e a convidei para chegar mais perto.
-Quem é a garota?
Liam me perguntou.
-Lembra que eu disse que tinha uma meia-irmã? Bem, você está prestes a conhecê-la.
Jenna se aproximou e nos cumprimentou timidamente antes de se sentar.
-Eu não achei que fosse você, sei lá, eu acho que fiquei com medo de me aproximar.
Ela sorriu.
-É, eu sou muito assustadora. O Liam então? Não tem ninguém mais assustador que ele.
Eu sorri para ela.
-Liam esta é a Jenna, Jenna este é o Liam.
Eles sorriram timidamente um para o outro e meu celular vibrou em cima da mesa.
-Ah, me deem licença um segundo.
Eu me levantei da mesa e saí da cafeteria.
-O que você quer?
Eu atendi ao telefone quando estava longe o bastante.

-Me desculpar.
Tyler respondeu do outro lado da linha. Senti o sangue ferver só de ouvir sua voz.

-Eu não quero escutar o que você tem pra dizer. Eu não quero mais olhar na sua cara Tyler.
-Me deixa explicar Nathalie!
-Explicar o quê? Que você queria provar pra todo mundo que eu era só mais uma garota no ensino médio? Que eu era idiota o bastante pra cair na sua? E que eu poderia ser mais idiota por ter acreditado em você uma segunda vez?
-Eu não queria que as coisas fossem assim Nathalie. Eu queria ter uma segunda chance com você, mas estava sendo difícil ter sua confiança de novo. E eu só conseguia pensar no quão idiota eu fui por ter feito aquilo no colégio. Me desculpa.
-Você sempre foi e continua sendo um babaca filho da puta, Tyler. Faça-me o enorme favor de apagar meu número dos seus contatos e me esquece de uma vez.
Eu desliguei o telefone e respirei fundo. Contei até dez e fiz o meu melhor para não chorar no meio do shopping. Precisei de um tempo para me recompor e, assim que o fiz, voltei para a mesa onde Liam e Jenna estavam conversando animadamente.

-O que eu perdi?
Eu disse me sentando.
-Ah, nada demais.
Jenna respondeu sorrindo.
-Ei, já que você está aqui, não quer se juntar a nós e passar um dia super divertido no shopping?
Eu disse roubando a bebida do Liam.
-Dia super divertido no shopping?
Ela nos olhou.
-Fomos abandonados pelos nossos amigos. Estamos dando o troco.
-Sentados numa cafeteria?
-Pensamos em ir ao boliche que tem aqui. Você joga bem? Preciso de ajuda pra derrotar a garota aqui.
Liam disse apontando para mim.
-Isso parece divertido. Vamos lá.
Saímos da cafeteria e seguimos até o boliche na área de recreação do shopping. Passamos a tarde inteira tomando refrigerantes, jogando boliche e dando autógrafos para algumas fãs da banda que apareciam eventualmente. E no final do dia, com um placar quase impecável de oito strikes, eu venci Liam e Jenna que estavam jogando em dupla. Depois disso jogamos mais duas vezes, eu e Jenna ganhamos do Liam e eu e Liam ganhamos da Jenna. Foi um dia muito divertido.
-Nath, seu celular está tocando.
Jenna estendeu o aparelho na minha direção.
-Oi!
-Como está sendo sua tarde sem a gente?

Jake berrou no meu ouvido. Ouvi Carolyn sussurrar que estava no viva-voz e que ele não precisava gritar.

-Na verdade, foi muito legal. Estou com a Jenna e o Liam no boliche.
-Jenna?
-Longa história. Enfim, o que desejam?
-Te lembrar que vamos jantar em meia hora no restaurante que você escolheu.
-Ah, verdade. Vou mandar o  endereço por sms. Vejo vocês daqui á pouco.
Eu desliguei o telefone e o guardei na bolsa.

-Vou ter que deixar vocês dois mais uma vez.
Eles me olharam.
-Jake e Carolyn querem me contar alguma coisa num jantar. Mas a gente marca alguma coisa amanhã, temos que fazer isso mais vezes.
-Eu te levo em casa. Quer uma carona, Jenna?
Liam disse.
-Ah, obrigada, mas eu tinha marcado com uma amiga pra irmos ao cinema. Ela já deve estar chegando.
-Até mais, então.
Nos despedimos de Jenna e fomos até o estacionamento.
-Então, o que vocês estavam conversando quando eu os deixei?
Perguntei á Liam.
-Nada de mais, eu perguntei de onde vocês se conheciam. Aí ela respondeu. Simples assim.
-Tô sabendo. Fica esperto Liam, tô de olho.
Ele me deixou em casa onde eu me troquei rapidamente e enviei a mensagem com o endereço para Carolyn e dirigi até o local.
Os dois não demoraram muito, chegaram sorridentes e abraçados. Pedimos uma mesa reservada e eles ficavam me encarando como se tivessem um grande segredo para me contar.
-Certo. Já podem me contar o que andam escondendo.
Eles se entreolharam e Carolyn começou a falar.
-Bom, eu não sei como te contar isso então eu vou falar tudo de uma vez.- Ela respirou fundo- Jake me pediu em casamento!
A próxima coisa que eu vi era uma mão na minha cara. E o anel de brilhantes no dedo anelar.
-Uau.
Eu peguei a mão de Carolyn para olhar melhor, o anel era lindo. O anel de ouro branco continha 14 diamantes rodeando um maior  no centro, era estonteante.
-Carol! Eu estou... Sem palavras! Quer dizer.... Ai meu Deus, vocês vão se casar!
Eu estava quase chorando. Eles sorriram.
-Acalme-se mulher! Ainda não pensamos numa data, quem sabe na próxima primavera. Mas quero que você saiba que já é minha madrinha, não quero nem saber.
-É claro que eu aceito, idiota.
-Foi isso que ela respondeu quando eu propus o casamento.
Jake rolou os olhos.
-Acho que isso merece um brinde, sei lá. Meus dois melhores amigos estão pra casar! Eu não poderia estar mais feliz.

P.O.V- Harry Styles
Na manhã seguinte, me certifiquei de que as garotas saíssem bem cedo para aproveitar a praia enquanto os garotos me ajudavam á arrumar a casa.

-Pode ter certeza que daremos o fora daqui assim que anoitecer.
Zayn me garantiu quando terminamos de ajeitar tudo.
-Tenha cuidado Harry, um movimento em falso e ela pode ter as impressões erradas.
Louis passou por mim enquanto falava.
-Vocês querem parar de me encher. Eu sou Harry Styles, sei como as coisas são feitas e mereço um pouco de crédito.
Louis e Zayn se entreolharam e deram de ombros.
As meninas chegaram pouco depois das cinco da tarde, Louis havia pedido que eu me acalmasse e parasse de andar em círculos. Annie  foi arrastada pelas meninas enquanto sorria para mim. June e Eleanor desceram logo depois com sorrisos cúmplices nos lábios.
-Ela não faz ideia, Styles. Acho bom fazer tudo direitinho.
-Porque ninguém está me dando crédito hoje?
Perguntei frustrado.
-Não liga não, cachinhos deve estar num estado muito sério de abstinência...
-Zayn!
Eleanor o cortou antes que ele terminasse a frase.
-Relaxa Harry. Vai dar tudo certo.
-Isso, deixe de ser neurótico e vá se arrumar. Nós vamos dar o fora daqui.
June me empurrou pelos ombros, do mesmo modo autoritário que havia empurrado Annie. Tomei um banho quente e tentei relaxar um pouco, embora eu negasse que Zayn ou qualquer um dos garotos tivesse razão, eu estava em um  período sem sexo relativamente longo para mim, não que toda essa comoção seja apenas pra dormir com ela. Eu estou muito orgulhoso de mim mesmo por ter mudado tanto, acho que até minha mãe aprova essa mudança, mas dormir com a Annie, seria algo que eu gostaria muito de fazer. E é por isso que eu fico nervoso. Ao mesmo tempo que eu quero muito, me acho um monstro por pensar só isso, quando Annie tem qualidades para citar por toda uma vida.
Desliguei o chuveiro quando percebi que estava entrando um pânico novamente. Coloquei a calça jeans, os tênis pretos a camisa branca social e o paletó, seguindo a dica de Eleanor que disse que homens de paletó são mais atraentes. Eu saí do quarto e bati na porta do quarto de June. Annie falou algo que eu não consegui escutar a abriu a porta pouco depois. Ela me olhou de cima á baixo e conteve um sorriso.
-Harry você está...- Ela pigarreou- muito elegante.
Percebi que meus lábios estavam abertos quando eu os fechei para respondê-la.
( http://www.polyvore.com/remembering_sunday_annie_delarue/set?id=83455645)
-Você está muito mais do que estonteante.
Annie corou com o meu elogio.
-Podemos ir?
-Claro! Só um segundo.
Ela sumiu dentro do quarto por alguns instantes e voltou com a carteira em mãos.
-Você não vai precisar disso, de uma blusa, talvez.
Eu a adverti, mas ela apenas sorriu.
-Ao contrário dos homens, Styles, as mulheres não carregam apenas dinheiro nas bolsas. E eu estou muito quente, para a sua informação.
Eu tentei não pensar no que ela quis dizer com aquele sorriso sacana nos lábios.
-Bom, eu te garanto que aonde vamos, você não vai precisar de nada daí de dentro.
Passei na cozinha onde peguei a cesta de piquenique onde coloquei o nosso jantar. Annie me encarou por um instante.
-Cesta de piquenique? Me parece muito promissor.
Ela sorriu para mim e agradeceu quando eu abri a porta do carro para ela. Annie não perguntou onde estávamos indo, ela parecia contente e animada apenas com a expectativa.
-O que estamos fazendo no píer?
-Eu avisei sobre o casaco.
Eu sorri enquanto estacionava o carro. Abri a porta para Annie como um bom cavalheiro e passei meu braço por seus ombros, embora ainda não ventasse tanto.
-Acho que seus planos serão cancelados, o parque tá fechado.
Ela disse quando paramos na frente do portão de ferro que estava apenas encostado.
-Harry, eu não acho que devamos invadir isso aí e...
-Shh, não estamos invadindo. Eu tenho permissão para isso.
Eu peguei sua mão e a guiei até a roda gigante que ficava á alguns metros do portão, no final do píer. Segundo um velho amigo, o parque estaria fechado por causa do inverno, mas eu poderia usá-lo sem problemas.
-Espere um segundinho.
Coloquem para tocar- (http://www.youtube.com/watch?v=QtwQiueNLWI)
Eu disse ao me afastar dela para procurar a chave de energia que ligaria as luzes e a roda-gigante. Fiz questão de olhar para ela quando girei a chave. O rosto de Annie se iluminou como todo o parque. Ela sorriu ao ver como tudo estava iluminado por pequenas lâmpadas e luzes de led.
-Vamos?
Peguei sua mão mais uma vez e caminhei com ela até uma das cabines do brinquedo. A pequena mesa estava posicionada no centro da cabine, havia uma vela e pétalas de rosa sobre a mesa. Clichê. Mas ela sorriu para mim de um modo totalmente novo. Não era envergonhado, ou sacana, como algumas vezes ela fazia. Ela sorriu para mim, como se aquilo fosse a melhor coisa que já tivesse te acontecido.
-Você está me deixando sem graça.
Eu comentei quando ela não desviou o olhar.
-Te deixando sem graça? Você me trouxe pra uma roda gigante onde a gente vai ter um jantar á luz de velas. Harry, você não existe!
Beijei sua bochecha antes de retirar as coisas da cesta e colocar sobre a mesa.
-Eu não sei se ainda está quente. Me desculpe.
Disse ao terminar de posicionar tudo.
-Não seja bobo.
Ela me disse e se sentou. Eu me virei para o painel de controles do brinquedo e o programei como Leon havia instruído.
-O que você está fazendo aí?
-Espera só.
Eu me sentei e não tive que esperar muito para que a roda-gigante começasse a girar. Nossa cabine subiu até estar no ponto mais alto.
-Aqui.
Eu tirei meu paletó e entreguei a Annie.
-Você realmente não existe.
O mesmo sorriso nos lábios, só que agora, um pouco maior.
-O vento é a única desvantagem em se estar aqui em cima, mas eu não consegui pensar em nada além disso.
Eu disse olhando para ela. Era uma pena que a cabine fosse parcialmente aberta. Eu tentei fazer isso na London Eye, mas não me deixaram fechá-la.
-Harry, deixa de ser bobo. Isso aqui tá... Perfeito! Olha esse jantar, essa lua! Eu... Muito obrigada. De verdade.
Em todo o jantar, eu só conseguia pensar na caixinha que estava no meu bolso. O meu azar, é que eu tinha que agir como um idiota.
-Eu... Ahn... Annie- Ela levantou os olhos para mim- É... Eu vou começar de novo.
Ela sorriu.
-Certo. Você sabe que eu gosto de você... Tipo... Muito. E...- Eu suspirei, mais frustrado por não ter palavras para aquele momento do que por estar pagando papel de bobo- Eu gosto muito de você, só não falo outra coisa, porque acho que é muito cedo e, mesmo que seja cedo eu quero que seja eterno e eu não me vejo mais sem sua presença. Sem ter você me chamando de idiota ou reclamando comigo por algum motivo. Eu não sinto falta nenhuma das baladas extravagantes e das bebidas caras, porque estar com você é melhor que tudo isso. Eu sou melhor quando estou com você e, eu não me importaria em continuar sendo esse cara pro resto da minha vida.
Eu abri a caixinha e estendi na sua direção.
-Annie você quer... Namorar comigo?
Ela abriu o maior sorriso que eu já vi na minha vida. Annie se inclinou sobre a mesa e me abraçou. Eu não tinha certeza se ela chorava, mas ela sussurrou um "Sim" no meu ouvido que me fez sorrir também. Coloquei a aliança de prata no seu dedo como se eu fosse o homem mais feliz do mundo, e, naquele momento, eu era. Saímos do brinquedo e eu desliguei todas as luzes, entrelacei minha mão com a de Annie e voltamos para o carro. Eu teria ficado para uma caminhada na praia, mas estava começando a garoar. Annie não parava de sorrir e de me olhar, e de balançar a cabeça algumas vezes como se dissesse que aquilo tudo não era real. E eu não tenho certeza em que momento nós dois começamos a nos beijar, mas estávamos no meu quarto e eu só estava pensando em como tê-la para mim era a melhor sensação do mundo. Então minhas mãos foram para o zíper da blusa que ela estava usando e as mãos dela estavam desabotoando a minha camisa. A ergui pelos quadris e Annie entrelaçou as pernas ao redor da minha cintura enquanto eu a deitava na cama, beijei seu pescoço e sussurrei no seu ouvido se ela tinha certeza sobre aquilo. Annie afastou a cabeça da minha alguns centímetros e sorriu para mim, depois tomou meus lábios com os dela e eu interpretei aquilo como um sim. Suas mãos haviam retirado o cinto que eu estava usando e ela estava prestes a ficar sem calça.
Eu nunca vou entender porque ela tinha tanta vergonha. Annie tinha um corpo que só poderia ser descrito como maravilhoso. Eu estava me esforçando ao máximo para não pensar em nada muito obsceno. Sua lingerie fez o mesmo trajeto que todas as outras roupas e, depois de certas precauções serem tomadas, nós dois éramos um. Ela arranhava minhas costas mas eu sabia que não estava doendo, ela sussurrava meu nome como se fosse a única coisa a ser dita e, eu nunca me senti tão completo.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Capítulo 34


P.O.V.- JunStevens 
Coloquem pra tocar- ( http://www.youtube.com/watch?v=Km75Pc0YzdQ )
-Eu já sei o que eu vou fazer.

Eu disse à Carolyn, dei um beijo estalado em sua bochecha e corri até meu quarto. Pouco me importava que eram duas e quarenta e cinco da manhã. Eu tinha que concertar tudo, e eu começaria por Zayn. Vesti uma blusa de moletom por cima do pijama  e calcei minhas ugg boots antes de atravessar a porta correndo. Para a minha sorte, a neve havia diminuído bastante e havia um táxi na porta do apartamento. Entrei no táxi, ofegante por ter descido de escada e disse o endereço de Zayn. Verifiquei os bolsos do moletom, rezando para achar algum dinheiro. O mundo conspirava ao meu favor hoje. Havia uma nota de vinte libras toda amassada em um dos bolsos.
-Se existe um Deus, eu lhe devo um obrigada.
Eu disse para mim mesma e me mantive inquieta por todo o trajeto. O carro parou algumas quadras antes do destino, alguma rua havia sido fechada por causa da neve. Joguei a nota de vinte para o motorista e saí do carro, correndo os metros restantes eu consegui chegar no prédio, agradecendo ao universo por ser tão legal comigo, eu chamei o elevador, já que o porteiro havia me reconhecido e me deixou subir sem interfonar para Zayn. Enquanto os números aumentavam no visor, as borboletas no meu estômago começaram a ficar irriquietas e quanto mais eu me aproximava do último andar, comecei a pensar no que eu falaria. "Oi Zayn, desculpe te acordar as três e quinze da manhã, eu sei que você está bravo comigo mas... Me desculpa?" Tá, eu estava começando a ficar nervosa. As portas do elevador se abriram e eu estava cara a cara com a porta do apartamento de Zayn.
-Zayn, me desculpe.- Eu falei uma vez, tentando soar convincente. Não deu certo.- Zayn, eu queria pedir desculpas, eu...
-Eu não queria te magoar.- Isso estava ficando ridículo.
-Zayn, me desculpe eu...-Eu soltei o ar pesadamente em tom de frustração enquanto andava de um lado para o outro, praticando o que eu iria dizer.
- Me desculpa, eu fiquei confusa e agitada.-Droga, nada do que eu dissesse iria parecer menos bobo. Olhei para o relógio que havia no hall, três e dezessete.
- Zayn...
-Eu sei, você quer pedir desculpas.
A voz dele soou bem atrás de mim. Meu coração quase pulou pela boca ao ouvi-lo tão perto. Eu me virei devagar engolindo em seco. Há quanto tempo ele estava escutando?
-Eu não queria te magoar. Eu fiquei tão assustada e confusa que acabei confundindo tudo e eu tenho que te pedir desculpas. Por te magoar e por ter te enganado esse tempo todo. Essa não sou eu. Ou não inteiramente- Eu tentei sorrir mas estava quase chorando- Eu sou June Stevens, venho de uma cidadezinha caipira no interior, eu tenho um sotaque ridículo e, há alguns anos, eu decidi que nunca mais ia chorar por homem nenhum.
Eu disse, buscando meu sotaque no fundo de mim mesma. Soava tão estranho e tão desproporcional para mim. Mas eu tinha que ser verdadeira. Eu tinha que mostrar quem eu era. Zayn, que permaneceu encostado o batente da porta, sorriu ao me ouvir dizendo tudo aquilo. Quando eu voltei a abrir os olhos, notei que ele estava sem camisa, com calças de moletom e com o cabelo bagunçado.
-Bom, é um prazer te conhecer, senhorita Stevens.-Ele me lançou meu sorriso favorito- Meu nome é Zayn Malik, eu também venho de uma cidadezinha no interior e agora faço parte de uma boyband que acabou de voltar de turnê.
Ele estendeu a mão para mim.
-É um prazer te conhecer, senhor Malik.
Eu apertei sua mão e percebi que eu tremia um pouco. Zayn me puxou para um abraço que se tornou num beijo. Eu não podia descrever como era senti-lo depois de passar por tudo isso. Eu tinha certeza. Tinha certeza que Zayn era o tipo de menino que valia à pena se apaixonar. Ele enterrou uma de suas mãos nos meus cabelos e a outra apertava minha cintura. Ele sentiu minha falta tanto quanto eu senti á dele.
-Eu te amo.
Sussurrei quase inaudivelmente. Era a primeira vez em muitos anos que eu dizia essa palavra. Eu eu não tinha dúvidas sobre mais nada. Eu amava Zayn.
P.O.V.- Zayn Malik

Eu não conseguia dormir. Estava irritado demais, confuso demais. Porque eu tinha que ficar apaixonado justo pela garota que não me queria? Porque eu fui idiota de falar que a amava? Me levantei da cama, desistindo de dormir. Quando desci as escadas, ouvi um barulho do lado de fora do apartamento. Eu ouvi sua voz. Em um tom baixo como se estivesse com medo de dizer. Me aproximei da porta e comecei a ouvir em silêncio.
 - Zayn, eu queria pedir desculpas, eu... Eu não queria te magoar.-Houve uma pausa- Me desculpa, eu fiquei confusa e agitada.- Outra pausa, eu ouvi seus passos do outro lado. Resolvi abrir a porta devagar, eu não deixaria que ela fosse embora.- Zayn...
-Eu sei, você quer pedir desculpas.
Eu disse, ela estava de costas para mim e paralisou quando ouviu minha voz. June estava com os cabelos levemente bagunçados, estava de pijama e usava um moletom meu, coincidentemente, o que fazia par com a calça que eu usava. Ela se virou devagar e eu notei o leve rubor em suas bochechas, ou ela estava com vergonha, ou estava com frio, ou havia corrido até aqui.
 -Eu não queria te magoar. Eu fiquei tão assustada e confusa que acabei confundindo tudo e eu tenho que te pedir desculpas. Por te magoar e por ter te enganado esse tempo todo. Essa não sou eu. Ou não inteiramente. Eu sou June Stevens, venho de uma cidadezinha caipira no interior, eu tenho um sotaque ridículo e, há alguns anos, eu decidi que nunca mais ia chorar por homem nenhum.
Eu queria tanto beijá-la.
-Bom, é um prazer te conhecer, senhorita Stevens. Meu nome é Zayn Malik, eu também venho de uma cidadezinha no interior e agora faço parte de uma boyband que acabou de voltar de turnê.
Eu estendi a mão para ela.
-É um prazer te conhecer, senhor Malik.
Ela apertou minha mão e eu a puxei para mais perto, não resisti á proximidade de nossos corpos e a beijei. Era ela. Embora fosse a garota mais linda, complicada e durona que eu conhecia, era June que eu amava.
Puxei-a para dentro do apartamento e fechei a porta como pude.
-Seu sotaque não é ridículo.
Ela riu.
-Mas sua risada é.
Eu brinquei.
-Ei!
Ela me deu um tapa no braço e eu a beijei outra vez. E outra vez. A noite inteira.

P.O.V.- Nathalie Simmons
Eu acordei e o sol não havia nascido ainda. Do jeito que minha cabeça girava, eu não voltaria a dormir tão cedo. Eu precisava ir pra casa. Arrumei a cama onde havia dormido e dobrei o vestido que estava em cima de uma poltrona. Ele já estava todo amassado mesmo, não ia fazer diferença. Peguei minhas coisas e saí do quarto em silêncio, eu estava com a mão na maçaneta da porta da frente quando ouvi Niall.

-Você é muito boa em sair de fininho, não é?
Eu me assustei e acabei fechando a porta que estava entreaberta, eu só esqueci de tirar a minha mão do caminho.
-Ai. Caralho.
Eu derrubei tudo o que estava segurando e comecei a chacoalhar minha mão.
-Você já reparou que sempre fala palavrão de manhã? É muito indelicado da sua parte.
-Você já reparou que é irritante pra caralho de manhã?
Eu respondi e me abaixei para juntar o que havia derrubado. Niall me ajudou a juntar tudo.
-Onde você estava pensando em ir? Quase todas as ruas estão fechadas por causa da nevasca.
Ele disse me entregando o que pegou. Niall estava com o cabelo todo bagunçado e com olheiras embaixo dos olhos.
-Eu ia... Pra casa.
Niall suspirou.
-Seu dedo está sangrando.
Ele pegou minha mão delicadamente e analisou por um instante. Havia um pequeno corte em meu dedo anelar, não parecia tão feio, mas doía bastante.
-Vem cá.
Ele me guiou até o sofá e buscou uma caixinha branca de primeiros-socorros.
-Niall, não precisa de tudo isso.
-Shh. Eu tô tentando ser legal.
Ele sentou do meu lado e tirou uma gaze e álcool de dentro da caixinha.
-Ai.
Eu disse, Niall levantou o rosto para me olhar e fez uma careta.
-Eu nem comecei.
-Eu sei, mas vai doer de qualquer jeito.
-Nathalie, fica quieta.
-Tá bom.
Eu desisti e fechei os olhos. Niall tomou o maior cuidado e finalizou o que queria fazer colocando um band-aid verde.
-Band-Aids coloridos? Sério?
-O que tem de errado?
Ele perguntou enquanto guardava as coisas.
-Minha mãe sempre colocava esses em mim. Eles são divertidos.
-É. São meigos.
Eu observei enquanto ele guardava a caixa de primeiros socorros no lugar e voltava com uma caneta em mãos.
-Pra quê isso?
Eu perguntei quando ele pediu minha mão. Ele não respondeu, apenas insistiu para que eu desse minha mão à ele. Niall desenhou uma carinha feliz no band-aid em meu dedo, e depois me encarou sorrindo como se aquilo fosse a coisa mais legal do mundo.
-Pronto.
-Divertido.
Eu murmurei observando o meu dedo. Ele continuou me observando e ficamos num silêncio desconfortável, eu encarei a janela e percebi a grande nevasca que estava do lado de fora.
-Parece que eu não vou embora tão cedo.
Eu murmurei e fitei meus punhos, que estavam no meu colo.
-Você quer ver um filme? Não tem nada pra fazer mesmo.
Ele disse olhando pra televisão, eu o fitei por um instante. Niall é o tipo de garoto que qualquer uma se apaixonaria, ele é bonito, gentil e carinhoso. Tirando as vezes que ele age como uma criança, tudo bem e, eu não sei o que me faz pensar que um dia a gente possa ficar junto. Tá tudo uma bagunça. Tudo confuso. Eu não sei de mais nada porque, quando eu estou perto dele, quero que ele me abrace e me beije e diga que sou dele. Mas quando ele faz isso, algo dentro de mim diz que não é certo.
-Nathalie?
Ele me chama, me tirando de meus pensamentos.
-Você tá legal?
Ele pergunta, me olhando.
-Claro eu só me distraí por um minuto. Filme está legal pra mim.
Niall me encarou por mais um tempo e deu de ombros, colocando algum filme de terror para passar. Ele sumiu por um instante, voltou pouco tempo depois com cobertores e travesseiros. Eu estava congelando.
-Sua boca tá meio roxa. Vem aqui.
Ele colocou os braços envolta dos meus ombros e me puxou pra mais perto. Era verdade, a temperatura negativa e minhas roupas finas contribuíram para que eu estivesse congelando. Eu não me importei e ignorei quando meu estômago se agitou. Eu não posso me apaixonar. Não depois de tudo que ele me fez, eu não posso perdoá-lo.
-Tem alguma coisa te incomodando.
Ele não perguntou.
-Nathalie se for aquele cara da outra noite eu juro por Deus que...
-Não é ele.
Eu respirei fundo. Eu já deveria saber que Tyler é um babaca, foi burrice minha confiar nele outra vez.
-O que tem de errado então?
Ele se afastou para me observar.
-Eu não sei... Isso... Nós dois...
Apoiei minha cabeça em minhas mãos, me sentindo frustrada por estar tão confusa. Niall pegou minhas duas mãos e me fez olhar pra ele.
-Nathalie... Confie em mim, eu prometo que vou fazer dar certo.
Eu olhei pra ele, senti meus olhos arderem, eu estava prestes á chorar.
-Eu confiei uma vez, você sabia o que eu sentia por você, e dois dias depois você estava com Holly na cama. Você me disse que não estava com ela. Eu confiei em você e tentei fazer as coisas do jeito certo e, quando eu acordei no hospital, me disseram que você, o motivo de eu estar ali, estava em Londres com Holly.
Niall suspirou e me olhou, seus olhos transbordavam a dor que nós dois sentíamos.
-Eu sei. Eu sou um idiota. Eu não faço nada certo mas eu juro que eu queria estar lá quando você acordasse, mas você acha que se não fosse por mim você não teria que tomar esses calmantes? Se não fosse por mim você não teria desmaiado. Eu não estava com Holly aquele dia, ela estava em algum avião indo pra Irlanda. Mas eu não queria te machucar mais. Eu não podia te magoar mais Nathalie. Eu fiquei tão furioso quando eu vi você com aquele cara e eu fico com mais raiva ainda quando eu vi que ele fez isso com você.- Ele ergueu meu pulso arroxeado- Eu queria voltar lá e acabar com ele, mas eu sabia que você precisava de alguém. Me perdoa Nathalie, por querer ser o que você precisa, tentar e tentar mas não conseguir.
Ele abaixou a cabeça. Eu também chorava.
-Não é por sua causa que eu tomo os remédios. E não são calmantes.
Eu disse com a voz embargada. Havia deixado de tomar as pílulas á tempos, mas ainda as carregava na bolsa. Niall me olhou confuso e eu me levantei para pegar a cartela de comprimidos intacta.
-São antidepressivos. Por causa da minha mãe e do meu pai. Eu não os tomo mais, eles me deixavam acordada quando eu queria dormir e sonolenta quando eu queria ficar acordada.
Eu confessei, dando de ombros.
-Eu sinto muito. Por tudo isso.
-Tudo bem Niall. A culpa não é só sua. Eu também fiz besteira.
-Isso significa que a gente vai ficar numa boa?
Ele perguntou com uma inocência e com uma naturalidade tão infantil, que um meio sorriso se formou no meu rosto.
-Acho que sim.
Eu disse sorrindo. O filme já havia acabado há um tempo e não notamos. Eu olhei pela sala e notei um porta-retratos perto da tv.
-Esse era você?
Eu perguntei, olhando para o bebê da foto. Niall tentou tomar a foto de mim mas eu insisti.
-Qual o problema em me dizer?
-Nenhum é que você vai ficar fazendo graça de mim.
-Não vou! Você era tão bonitinho! Olha só!
Eu disse olhando para a foto, Niall a arrancou das minhas mãos.
-Ei.
Ele sorriu pra mim e eu sorri de volta. Ele tentou se aproximar, mas eu o afastei.
-Niall...
-Eu sei. Me desculpe.
Eu coloquei minha mão em seu peito e eu o empurrei para trás. Ficamos no mesmo silêncio desconfortável de sempre. Olhando pela janela distraidamente, notei que a nevasca tinha diminuído. Eu poderia ir pra casa.
-A nevasca já diminuiu, eu acho que vou pra casa.
Eu juntei as coisas que havia derrubado perto da porta.
-Eu te levo.
-Niall não precisa incomodar.
-Deixa disso, eu te levo.
-Tá legal.
Eu decidi que não brigaria mais com Niall. Não tínhamos motivos para agir assim, e eu não tinha motivos pra confiar nele outra vez.
O caminho foi silencioso e Niall parecia estar pensando em alguma coisa. Quando finalmente chegamos, havia um carro conhecido na minha calçada.
-Obrigada por ter me trazido até aqui. A gente se vê.
Eu disse rapidamente e saí do carro. Niall não iria brigar com Tyler na frente do meu prédio. Aqueles dois não se enfrentariam em lugar nenhum, se eu pudesse impedir. Quase corri na direção do carro de Tyler, ele estava encostado no capô, estava com cara de gente de ressaca que levou uma surra.
-Nathalie eu...
Eu ergui a mão fazendo com o ele parasse de falar.
-Olha aqui, eu não quero nem ouvir o que você tem a me dizer. Você é um babaca e eu quero que você suma da minha frente.
Eu passei reto por ele, mas Tyler agarrou meu braço, justo o pulso já machucado.
-Me escuta Nathalie!
-Não! Eu não vou escutar você. Foda-se você e sua desculpa esfarrapada. Eu não quero saber, some daqui.
Eu parecia estar controlada, mas queria socá-lo do mesmo jeito que fiz, três anos atrás.
-Deixe-me explicar Nathalie.
Ele pega a minha mão, eu não entendo porque é tão difícil afastá-lo. Ele me puxa pra mais perto, eu tento me soltar, mas o aperto é forte demais no pulso já machucado. Eu não consigo ser forte.
-Ela mandou você dar o fora daqui.
Niall se fez presente do meu lado, mantinha um braço protetor em meus ombros. Tyler deixou de me olhar por um instante, ele e Niall ajeitaram a postura, ficaram eretos e fecharam a cara. Eu percebi que segurava a respiração.
-E quem é você?
Tyler disse com desprezo, eu estava estática. Confusa demais para digerir qualquer outra informação.
-Se fosse da sua conta, eu te diria.
Niall respondeu e se afastou de mim para se aproximar de Tyler. Eu acordei de meu transe e me coloquei no meio dos dois. De frente para Tyler.
-Dá o fora daqui antes que eu mesma termine de quebrar sua cara.
Cruzei os braços e o observei entrar em seu carro e sair cantando pneu. Só quando o carro desapareceu na esquina de sua casa, é que eu pude encarar Niall. Ele estava tenso e mantinha as mãos em punho ao lado do corpo.
-Obrigada pela ajuda.
Eu disse baixinho, atraindo sua atenção.
-Você sabe que pode contar comigo.
A atmosfera tinha mudado bruscamente. Em um minuto ele estava prestes a socar a cara de Tyler. Em outro ele estava flertando comigo.
-Niall.
Eu o censurei, empurrando-o para trás com as duas mãos, na direção do seu carro.
-Nathalie, eu sei que você não quer acreditar. Eu te dei motivos para que você não acreditasse- Ele segurou minhas mãos- Mas se você me permitir, eu posso provar que fomos feitos para ficarmos juntos.
-Niall a gente não foi feito pra ficar á um metro de distância. A gente sempre briga, sempre discute. Eu me machuco e você também.
-Não tem que ser assim Nathalie.
-Niall eu não acredito que possa ser diferente.
-Eu vou fazer você mudar de ideia.
Ele caminhou com um meio sorriso até seu carro, e acenou de modo simpático quando deu a partida. Eu balancei a cabeça de um lado para o outro. Ele era maluco. Só podia estar fora da razão. Carregando o vestido amassado e a carteira, entrei no meu prédio e subi até o meu apartamento. Eu precisava de um bom banho quente e da minha cama. Tyler não era problema meu. Niall não era problema meu. Eu só precisava me preocupar em tomar um bom banho e dormir o resto do dia.

P.O.V.- June Stevens
Eu estava na casa de Zayn, empenhada em continuar com aquela loucura de "ser a June de antes" 

-Eu amo filmes de terror, dias chuvosos e chocolate.
-Não se esqueça de amassos no escuro.
Zayn adicionou a minha lista, com um sorriso maldoso nos lábios.
-Sim, e amassos no escuro.
-Eu gosto de carros potentes, tatuagens e...você.
Ele disse beijando a ponta do meu nariz, pude sentir todo o meu sangue fluir para as bochechas.
-Engraçadinho.
Eu disse me levantando.
-Eu estou falando sério!
-Eu também.
Disse enquanto vestia o moletom. O frio aumentou bastante, e já não podia ser ignorado.
-Sabe, eu acho que deveríamos passar o Natal com os meus pais.
Eu travei. O moletom ficou embolado na metade do meu tronco e eu observava Zayn atônita.
-C-como as-ssim? Conhecer seus pais? E-eu...
-Ei, calma. Tá tudo bem.
Ele se levantou da cama e me abraçou protetoramente. Eu estava hiperventilando.
-Eu só acho que deveríamos ir com calma, eu acabei de admitir que te amo, acabamos de dormir junto. Não acha que isso é precipitado demais?
Eu disse ainda preocupada.
-Relaxa, é só uma ideia. Não vou te forçar á nada. E nem vai ser tão ruim, você é directioner, deve conhecer minha família bem melhor do que pensa.
Eu sorri irônica para ele, não era um fato de que ele deveria se vangloriar.
-Cuidado Malik, eu sei todos os seus segredos.
Eu disse cruzando os braços e tentando soar assustadora, mas ele beijou a lateral do meu pescoço e pareceu se divertir com tudo isso.
-Eu já disse que adoro quando você fala meu sobrenome desse jeito?
Ele me beijou profundamente e fomos interrompidos pelo meu celular.
-Você sabe que ir pra casa dos meus pais ainda é uma opção? Não sabe?
Ele disse enquanto eu caminhava até a mesinha de cabeceira para pegar o aparelho.
-Discutimos isso depois, Malik.
Ele mordeu o lábio inferior e eu sabia exatamente as segundas intenções por trás daquele gesto.
-Alô?
-Niall?
-Oi June.
-Porquê está me ligando?
-Estou atrapalhando alguma coisa?
-Não, não. Pode falar.
Porque diabos Niall Horan está me ligando?

-Eu meio que... Preciso da sua ajuda.





terça-feira, 9 de abril de 2013

Capítulo 33

Capítulo 33- P.O.V- Nathalie Simmons
Eu deixei a casa de Harry pouco depois das onze, eles pediram quatro caixas de pizza e todas elas foram devoradas. Os garotos estavam vendo algum filme de luta e eu me despedi antes que eles trocassem de filme. Liam ficou bravo porque eu era o seu par ali, já que ele não tinha namorada e Niall não veio.
Meu despertador me fez levantar com um pulo, eu tinha que me arrumar para a premiação. Eu tinha o dia inteiro no salão para enfrentar, unha, cabelo e maquiagem. Seria um pesadelo aguentar tudo isso sozinha, toda aquela paparicação barata de mulheres que nunca te viram na vida me irrita profundamente. É muita falsidade num lugar tão restrito. Eu tomei um banho e decidi tomar café antes de sair para o salão. Dirigi com muita paciência, já que o trânsito estava um pouco mais carregado hoje. Quando eu finalmente cheguei ao centro da cidade, fui recebida por duas mulheres absurdamente arrumadas e sorridentes. Elas me fizeram sentar numa cadeira por quatro horas e meia enquanto puxavam e alisavam, torciam e faziam sei lá o que com meu cabelo, pintavam as minhas unhas e davam um jeito na minha pele. Por mais que eu descreva como sendo uma tortura, era bom ser tratada desse jeitinho de vez em nunca. Quatro horas e meia depois eu estava devidamente arrumada e ligeiramente atrasada para a premiação, enquanto dirigia de volta para casa, eu rezava para que o vestido já estivesse lá. Olhei de relance para o celular que estava no banco do passageiro, doze mensagens e cinco ligações perdidas. Eu já entendi que estou atrasada, não precisa ficar me lembrando disso, droga. Subi as escadas do meu apartamento em tempo recorde quando peguei a larga caixa branca da loja Catherine Deane, com o logotipo em letras elegantes, gravadas bem no centro. Contive o impulso de desistir de toda aquela baboseira e voltar a dormir quando consegui me atrapalhar com as chaves de casa e me atrasar um pouquinho mais. Corri até o meu quarto e abri a caixa com uma delicadeza inexplicável para o estado deplorável em que eu me encontrava. Nem sabia porque estava tão nervosa assim, era só uma premiação.... com algumas centenas de famosos..... E seria transmitida mundialmente.... Tyler me levaria consigo pelo tapete vermelho.... Haveriam câmeras por todo lugar. Lembrei porque estava nervosa. Desfiz o nó que envolvia o papel seda e desembrulhei o vestido com todo o cuidado do mundo, não sei porque, algo no meu inconsciente estava controlando as minhas ações. Deslizei o vestido pelo meu corpo e fechei o zíper com certa dificuldade, agradeci por poder ter entrado nele com os poucos botões já abotoados, ou eu teria um grande problema. Ajeitei o tecido e coloquei as joias que havia separado, calcei os sapatos e tirei um minuto para me olhar no espelho. O vestido Catherine Deane era branco, tinha um decote em formato de coração, tomara que caia com a barra a poucos centímetros do chão, as costureiras acertaram em cheio. Havia uma fina faixa preta pouco abaixo do busto com algumas pedras incrustadas, o vestido era lindo.
(http://www.polyvore.com/remembering_sunday_nathalie_simmons/set?id=77575060)
Mas meu minuto de apreciação á minha pessoa no espelho havia acabado, quando meu celular tocou pela nonagésima vez naquele dia.
-Até que enfim me atendeu! Os meninos estão malucos atrás de você, onde você está?

Era June.

-Estou em casa, não grite comigo, já viu o trânsito hoje? Devo chegar em alguns minutos, não me espere.
-Sorte a sua eu estar num lugar cheio de gente. Te vejo daqui á pouco.
-Até logo.
Mal eu desliguei o telefone e ele tocou outra vez.

-Tentei te ligar o dia todo, espero que esteja pronta.
-Olá Tyler.
-Oi Nath, eu estou aqui em baixo. Estamos atrasados.
-Dez minutos não matam ninguém Daniels, estou descendo.
Desliguei o telefone e o guardei na bolsa-carteira que estava levando comigo, andei depressa até o elevador e desci rapidamente, Tyler me esperava do lado de fora de um Rolls-Royce preto. Ele abriu um sorriso gigante ao me ver, eu agradeci corando ao seu elogio.
-Você está... Magnífica.
Ele mesmo riu da falta de palavras para de descrever.
-Obrigada Daniels, você também não está mal.
O motorista pegou alguns atalhos e conseguiu levar a gente bem rápido para o local da premiação, engoli em seco e respirei fundo três vezes quando o carro finalmente parou. O motorista abriu a porta para mim e eu fui recebida com inúmeros flashes e um tapete vermelho.
-Não fique nervosa.
Tyler sussurrou no meu ouvido e entrelaçou nossas mãos. Eu ouvia meu coração martelar em meus ouvidos enquanto andávamos pela extensão do tapete, ocasionalmente parando para que Tyler pudesse dar suas entrevistas e autógrafos. Quase na entrada do salão, eu ouvi chamarem meu nome.
-Nathalie! Venha aqui, por favor!
Uma mulher loira e bem alta estava do outro lado da faixa de veludo, ela sorria e apontava para mim. Eu andei até ele, ligeiramente mais nervosa ao notar o câmera-man ao seu lado.
-Nathalie Simmons, que surpresa adorável! Eu sou Joann Abbey,do UK Live, ao vivo do Fame Awards aqui em Londres.
-Olá!
Tá, eu não sou a pessoa mais carismática do mundo num tapete vermelho com zilhões de câmeras a minha volta.
-Nathalie, eu adorei seu vestido, quem foi que desenhou?
Eu olhei mais uma vez para o modelito que usava, incapaz de olhar para a câmera.
-Hum.. É um Catherine Deane, o modelo é dessa estação, eu acho.
Tentei meu melhor, mereço um pouco de consideração. Eu sorri para a câmera e Joann Abbey me fez outra pergunta.
-Nathalie, pode nos contar um pouco mais sobre o cavalheiro que te acompanha hoje?
Ela sorriu para Tyler que estava bem ao meu lado.
-Eu tenho certeza que vocês o conhecem. Tyler Daniels, zagueiro do Arsenal... Eu sei que ele fica irreconhecível todo arrumadinho.
Eu tentei fazer uma piada, me processem. Tyler me empurrou de leve com seu próprio corpo, nós dois estávamos rindo.
-E vocês estão juntos?
Ela continuou.
-Bem que eu gostaria.
Tyler admitiu e meu queixo foi parar no chão.
-Tyler!
Eu faltei, algumas oitavas mais alto.
-Não, não estamos juntos. Somos amigos, estudamos juntos no colegial.
Eu me virei para a apresentadora que parecia estar se divertindo com tudo isso. Ela ri porque não é com ela, maldita.
-E você continua envolvida com os garotos do One Direction? Fazem semanas desde a última foto de vocês juntos.
Ela parecia estar lamentando algo.
-Sim, ainda continuamos amigos. Eu estive ocupada essa semana, com o fechamento da revista e tudo o mais.
-Certo, muito obrigada por ter falado conosco Nathalie. Eu sou Joann Abbey, ao vivo do Fame Awards.
Eu e Tyler ficamos acenando para a câmera de um modo ridículo. Eu queria bater nele, mas teria que esperar até estarmos num lugar com menos câmeras. Seguimos até o grande salão onde os artistas estavam sendo recepcionados, Tyler me arrastou junto enquanto ele cumprimentava alguns conhecidos, pouco tempo depois senti alguém me abraçar pela cintura.
-Nathalie!
Louis disse me levantando alguns centímetros do chão.
-Louis!
Eu protestei, fazendo com que ele me colocasse de volta no chão. Mas ele manteve o braço, me envolvendo pela cintura.
-E quem é esse?
Louis perguntou, sorrindo.
-Louis esse é o meu amigo Tyler. Tyler, esse é Louis Tomlinson.
Eles apertaram as mãos.
-Posso levar ela um minutinho, mate?
Louis perguntou e Tyler concordou com a cabeça. Alguém perguntou alguma coisa pra mim? Louis me guiou para o outro lado do salão, de encontro ao resto da banda.
-Ai meu Deus, você está linda!
Eleanor e June disseram juntas, se entreolharam e depois sorriram para mim. Se eu estava linda, aquelas duas estavam maravilhosas. June estava com um vestido coral que ia até os pés, estava toda de dourado e o cabelo curto estava levemente arrepiado em várias direções.
(http://www.polyvore.com/remembering_sunday_june_stevens/set?id=77676301)
Eleanor estava igualmente linda, com um vestido branco com detalhes em dourado e ela estava com o cabelo preso.
(http://www.polyvore.com/remembering_sunday_eleanor_calder/set?id=77676908)
-Você tem que me ajudar.
June sussurrou enquanto me abraçava. Eu olhei para ela sem entender nada e June olhou de relance para Zayn, que estava relativamente afastado. Certo, problemas de relacionamento.
-Nath, o que Tyler fazia com você?
Eu me virei para onde Eleanor olhava. Tyler estava conversando com alguns rapazes do time de futebol.
-Ele me chamou para vir com ele.
Eu dei de ombros.
-E de onde vocês se conhecem?
Ela grudou o braço dela com o meu e June fez o mesmo com meu outro braço.
-Estudamos juntos no ensino médio. Mas é só isso, não vá achando que eu estou com ele ou algo do tipo.
Nós três rimos e nos aproximamos dos garotos.
-Nathalie!
Harry foi o primeiro a me soltar das garotas e me abraçar.
-Vocês está linda!
Ele disse se afastando um pouco para poder me olhar.
-Você não está nada mal, Styles.
Eu disse observando o terno preto que ele vestia. Muito elegante, aliás, nenhum deles estava atrás. Liam estava com o cabelo arrumadinho e com um perfeito nó de gravata. Zayn estava de calça social e jaqueta de couro, o topete impecável em sua cabeça e um sorriso de tirar o fôlego. Louis eu já havia visto, Eleanor deve ter o ajudado, ele usava apenas a camisa social e um casaco escuro por cima. Me afastando de seu abraço de urso, notei uma cabeleira loira.  Niall estava muito mais do que lindo. Todo social, com o cabelo em um topete bagunçado e, ao mesmo tempo, milimetricamente perfeito. Eu não sei como ele conseguia. Meu coração pulou algumas batidas enquanto eu tentava respirar normalmente, o que foi em vão já que ele se aproximou para me cumprimentar e eu pude sentir seu perfume. Logo quando eu achava que nada nele me abalava, descubro que todas as coisas nele me deixam com os joelhos fracos. Eu não o via há tanto tempo, que ouvir sua voz assim, fez meu coração ficar ainda mais descompassado.
-Oi.
Ele disse encolhendo os ombros e dando algo parecido com um sorriso. Ele estava maravilhosamente lindo. Ele era maravilhosamente lindo. Ficamos nos encarando por um tempo, sem dizer nada. Ouvi meu nome ser chamado algumas vezes, mas estava um tanto ocupada, olhando nos olhos de Niall.
-Nath, temos que ir. Vão começar a premiação.
Tyler escorregou suas mãos do meu cotovelo até minha mão direita e entrelaçou nossos dedos. Niall olhou para as nossas mãos unidas e ergueu levemente suas sobrancelhas. Louis sorriu para nós dois.
-Até mais tarde, mate.
Tyler se dirigiu á Louis, mas seu tom de voz não foi amigável ao pronunciar o jeito com que Louis havia o tratado alguns minutos antes.

-O que foi?
Perguntei quando nos afastamos um pouco, Tyler deu um sorriso torto enquanto nos aproximávamos da mesa.
-Eu te trago aqui para ficar um pouco mais com você, e você sai assim?
-Babaca.
Eu disse sorrindo enquanto dava um peteleco em sua testa. Tyler me abraçou e beijou o topo da minha cabeça.
-Eca.
Eu disse fazendo uma careta, ele retribuiu me dando um soquinho no braço. A premiação começou e alguns artistas se apresentaram, inclusive os meninos. Todos eles encararam a mesa onde eu estava quando cantaram a música da Comic Relief- One Way Or Another ( Teenage Kicks) Eu me senti constrangida e intrigada, porque eles olharam pra mim? A premiação continuou, Tyler ganhou um prêmio e piscou para mim lá do palco, senti os sangue fugir do meu rosto quando algumas pessoas se viraram para me olhar. Depois, disso, eu parei de prestar atenção. Tyler mal conversava comigo e só ficava falando da estatueta que havia ganhado, com os colegas do time.
"Está perdendo toda a diversão, porque não está com a gente?"
Liam me enviou uma mensagem enquanto eu brincava com o porta-guardanapos da mesa.

"Estou presa :( O que estou perdendo?"
"Louis está interpretando o apresentador e June e Zayn estão num tipo de discussão silenciosa. Você está perdendo!"
Eu sorri e me virei para observar. Louis fazia caretas e usava a estatueta que a banda ganhou como microfone. June estava sentada a duas cadeiras de Zayn e os dois não paravam de se olhar com expressões nada amigáveis. Eu estava realmente perdendo toda a diversão, mas não pude fazer nada. Observei os outros artistas ganharem um prêmio e escutei Tyler comentar futilidades com seus amigos. Ele não havia mudado nem um pouco. Para o meu azar, a premiação durou muito mais do que eu esperava. Tyler, seus amigos e alguns artistas decidiram ficar para a festa depois. Tyler e os colegas do time decidiram encher a cara, eu fiquei totalmente entediada pelas próximas duas horas.

-Tyler, já chega. Vamos pra casa.
Eu me levantei impaciente, estava entediada e faminta. Eu só queria ir pra casa.
-Ah não princesa, vamos ficar mais um pouco.
Eu revirei os olhos e reprimi a vontade de dar um tapa na cara dele.
-Eu não vou nem te falar onde colocar esse seu princesa. Você vai embora ou não?
Eu perguntei, a impaciência aparecendo na voz.
-Vai lá, Ty. Sua garota parece um tanto brava.
Um dos amigos bêbados disse, eu estava irritada demais para lembrar do nome dele. Tyler não fez menção em se levantar, eu desisti de tentar ir para casa com ele e saí do local onde a festa estava acontecendo. Eu não fazia ideia de que horas eram, mas estava escuro e um pouco mais frio do que eu podia suportar. Chequei meu celular para chamar um táxi e tive a grande surpresa ao notar que a bateria acabou assim que eu desbloqueei o celular. Merda. Não é legal estar num cenário típico de filme de terror, se você sabe o que acontece na maioria dos roteiros. Tentei manter a calma enquanto reparava em cada detalhe do ambiente ao meu redor. Eu estava entrando em pânico. Isso porque estava sozinha num estacionamento deserto, sem celular e com um pouco de medo. Estava considerando a ideia de andar até achar um táxi, alguém colocou as duas mãos em meus ombros e meu grito ficou entalado na minha garganta.
-Te assustei, babe?
Tyler riu estrondosamente enquanto me envolvia mais em seu abraço.

-Resolveu vir comigo?
Tá, eu continuava irritada.
-Eu nunca te abandonaria.
Ele afundou a cabeça na curva do meu pescoço por um momento. Pegou minha mão e me guiou até seu carro, e não era o Rolls-Royce que estava estacionado, não tão longe de nós.
-O que você está fazendo?
Eu perguntei quando ele se recostou na lateral do carro, e me puxou mais perto pela mão.
Ele sorriu e me puxou um pouco mais perto, algo no meu subconsciente gritava por atenção, mas eu estava completamente paralisada.
-Confie em mim.
Ele disse e me puxou pela nuca, colando nossos lábios com uma força desnecessária. O modo como ele disse, no exato tom de voz com que ele me disse da última vez. Eu o empurrei, mas Tyler era mais forte. Quando ele tentou me beijar oura vez, mordi seu lábio com força, o empurrei outra vez e me virei para correr, ele me alcançou em dois passos, ele segurou minha cabeça para trás, pelos cabelos, com a mesma intensidade, com a outra mão, ele agarrou o meu pulso. Ele me segurava tão forte, que eu tenho certeza que ficaria marca.
-Tyler, me larga!
Meu coração palpitava, eu não estava só com medo. Eu estava aterrorizada.
-Você não sabe, o quanto eu esperei pra te ter de volta.
Ele passou o polegar pelo meu queixo e eu respirei fundo, tentando me controlar para achar uma saída.
-Me solta Tyler.
Era mais uma súplica do que qualquer outra coisa. Eu não tinha outra saída. O aperto de sua mão estava tão forte em meus cabelos, que eu me machucaria muito mais, só de tenar fugir. Eu fechei os olhos, esperando por alguma coisa. Eu estava desesperada, e sem saída.
-Ela mandou soltar.
Alguém mais estava ali, mas a voz estava muito distante para que eu pudesse saber quem era.
-O que você pensa que...
Tyler foi interrompido por um baque surdo, e depois, um lamento. Eu sabia que ele tinha levado um soco, mas eu ainda mantinha os olhos fechados.
-Vamos, Nath.
A voz agora, tão perto, eu podia saberia quem era com apenas alguns sons. Niall me envolveu com seu braço e andou comigo para longe dali.
-Está tudo bem, eu estou aqui.
Ele disse e eu percebi que chorava. Como pude ser tão tola. Era Tyler Daniels, claro que ele me usaria outra vez. Ele só estava esperando outra chance.
-Ele te machucou?
Niall perguntou, apreensivo. Eu neguei com a cabeça.
-Está tudo bem.
Niall me abraçou por um momento e me ajudou a entrar em seu carro. Eu permaneci em silêncio, me xingando mentalmente por ter confiado nele de novo. Sequei as lágrimas com as costas da mão. Meu pulso estava dolorido onde Tyler havia segurado.
-Tem certeza de que ele não te machucou?
Niall me olhou quando paramos num sinal vermelho.
-Não. Mas ele teria se você não estivesse lá. Obrigada.
Eu disse olhando em seus olhos. Ele ficou em silêncio enquanto colocava o carro em movimento outra vez.
-Porque você estava com ele? Quer dizer, todo mundo podia notar que ele era um babaca. Porque você não ficou com a gente? Você podia ter sentado na nossa mesa na premiação, ao invés de ficar com ele.
Ele disse rápido, soltando uma grande quantidade de ar em seguida.
- O que foi isso?
Eu disse rindo, devido a sua expressão facial. Ele estava mais do que irritado com as sobrancelhas unidas e as mãos agarrando o volante.
-Eu não sei.
Ele disse, relaxando um pouco. Eu sorri e entendi do que tudo aquilo se tratava.
-Eu sei, você está com ciúmes!
Ele me encarou com a maior cara de WTF?! do mundo. Foi assim que eu soube que era verdade.
-O que?!- Ele exclamou um pouco alto de mais. Busted.- Claro que não, você está maluca.
Ele rolou os olhos e ficou olhando para frente por um tempo.
-Você sabe que eu estou certa, acabe logo com isso e admita.
Não podia evitar o sorriso em meus lábios. Niall se manteve calado. Estacionou o carro e deu a volta para abrir a porta para mim.
-Obrigada.
Eu agradeci quando ele me ajudou a sair. Ele pegou minha mão e arregalou os olhos quando notou as marcas no meu pulso. Na luz da garagem, até eu fiquei assustada. Havia um vergão vermelho por todo o meu pulso, e ele estava escurecendo nas extremidades, onde Tyler conseguiu firmar a pegada.
-Você disse que ele não tinha te machucado.
Niall estava tenso outra vez, como se fosse socar uma parede ou algo assim.
-Não foi nada. Sério.
Eu o guiei para o elevador, já que Niall não se moveria um centímetro.
-Eu deveria voltar lá e socar a cara daquele idiota.
Ele disse, estávamos dentro do elevador.
-Porque você não admite de uma vez que está com ciúmes. Está tão na cara!
Eu disse de repente, ele ergueu os olhos para mim e sorriu.
-Se eu admitir, você para de jogar isso na minha cara?
Eu fingi pensar por um instante.
-Só se você disser com todas as letras.
Eu sorri e ele sorriu de volta, Niall não disse nada e, por um momento eu achei que não diria. Ele abriu a porta do seu apartamento e deu espaço para que eu entrasse. Só quando trancou a porta, ele voltou a falar.
-Certo. Eu estava com ciúmes. E fiquei lá depois que todos tinham ido embora, porque eu sabia que você precisaria de mim. E eu estava certo. Odeio ter que imaginar o que teria acontecido se eu não estivesse lá. Só de pensar que ele te machucou, deixou isso no seu pulso... Minha vontade é de voltar lá e terminar o que comecei.
Ele desabafou, disse tudo de uma vez com os olhos fechados. Eu respirei fundo. O que ele disse, não perdoava nada do que ele havia feito. Mas seria infantil da minha parte continuar brigando com ele por coisas que aconteceram há tanto tempo atrás. E seria arriscado acreditar assim, logo de cara.
-Como eu posso saber se isso é verdade?
Eu disse baixinho. Ele pegou a minha mão e colocou sobre seu peito, eu podia sentir seu coração batendo descompassadamente.
-Você faz isso comigo. Acha que eu não sinto? Que eu não me odeio por ter te deixado ir tão fácil assim?
-Niall...
-Você não precisa responder nada agora. Está tarde e você passou... Por muita coisa.- Seu rosto se contorceu numa careta por um instante- Vá descansar.
Ele segurou minha mão e andou comigo até o quarto de hóspedes.
-Eu vou pegar umas roupas pra você. Só um minuto.
Ele suspirou. Parte de mim queria agarrá-lo naquele corredor e não soltar nunca mais. A outra parte- a parte orgulhosa- dizia para que eu agradecesse, dormisse e voltasse para casa. Ou voltasse para casa e dormisse. Niall voltou pouco tempo depois, eu ainda estava parada do lado da porta, mordendo o lábio inferior por estar em contradição comigo mesma.
-Aqui.
Ele me entregou um moletom gigante e uma calça de moletom também. Eu conhecia aquela calça. Era minha!
-Estava em cima da cama lá em Brighton, eu trouxe por engano. Tem uma regata sua aí também.
Ele disse encolhendo os ombros. Eu concordei com a cabeça e ele fez menção de se afastar.
-Niall?
Eu o chamei, tão baixo que parecia um sussurro. Ele olhou na minha direção.
-Obrigada. Por tudo.
Ele sorriu e levantou os ombros, como se dissesse "Não foi nada." Ele entrou em seu próprio quarto e eu entrei no quarto de hóspedes. Minha cabeça estava rodando com tanta coisa que eu tinha que entender. Eu tirei o salto, o vestido e todas as joias. O colar que Niall me dera caiu de volta para o seu lugar e gelou minha pele onde o pingente encostava. Eu nem lembrava que estava usando aquilo. Respirei fundo e me troquei, deitei na cama e adormeci o mais rápido que pude.
P.O.V.- June Stevens- Na manhã anterior.
-Zayn?

Eu o chamei enquanto entrava no apartamento. Eu acabara de sair do hospital, estava exausta. Mas Zayn insistiu para que eu viesse até aqui. Eu o procurei com os olhos pela extensão do andar de baixo, ouvi alguns passos no corredor e me virei a tempo de vê-lo descendo as escadas.
- Desculpe, eu acabei de acordar.
Ele disse e bocejou. Eu sorri ao ver que ele ainda não tinha arrumado o cabelo em um topete, como de costume.
-Se estava dormindo, porque me pediu para passar aqui?
-Eu queria passar um tempo com você. Fazem quatro dias já.
Ele me abraçou e eu comecei a rir.
-Você está contando os dias Malik? Está tão desesperado assim?
-Você não imagina o quanto.
Ele murmurou enquanto beijava a lateral do meu pescoço.
-Não sei não, você está animadinho demais.
Eu mordi o lábio inferior, como se estivesse pensando sobre o assunto. Ele aproximou seu rosto do meu e beijou o canto da minha boca.
-Não finja que você também não está.
- Eu não estou. Você é ridículo.
Eu disse enquanto segurava o riso.
-Você é uma mentirosa!
Ele sorriu para mim e passou um braço pela parte de trás dos meus joelhos, me carregando até o andar de cima.

-June.
A voz suave de Zayn me puxava do mundo dos sonhos. Eu não queria acordar, não agora.
-Hum...
Eu murmurei com a cara no travesseiro. Zayn riu e acariciou meus cabelos que deviam estar uma zona. Ele era cuidadoso com o cabelo dele, não com o meu. Maldito.
-Embora eu adore ver você dormir, Harry e Liam vão na casa da Nathalie em meia hora.
Nathalie tem estado ausente durante todo o mês, cada vez que eu tentava falar com ela, ela digitava alguma coisa rápida e dizia que estava com Tyler. Quando eu conversei com Carolyn sobre isso, ela fez uma careta e disse que boa coisa não estava acontecendo, que Tyler não era flor que se cheire e que alguma coisa podia dar muito errado. Não pude deixar de concordar. Eu não conhecia o garoto, mas estava do lado de 78% do fandom da banda. A parte que concordava que Niall e Nathalie formavam um puta de um casal.
-Pre. Gui. Ça.
Eu me virei, fitando o teto e disse pausadamente enquanto me espreguiçava. Zayn se inclinou na minha direção e beijou meus lábios por um instante.
-Vamos preguiçosa, precisamos ir.
Eu balancei a cabeça como uma criança teimosa. Zayn beijou a ponta do meu nariz e nós dois começamos a rir.
-Vamos á premiação juntos, vamos falar pra todo mundo que estamos juntos.  Quer ser minha pra sempre?
Ele perguntou, me pegando totalmente de surpresa. Eu esperava por algo assim, quando estivéssemos com cinco meses desse quase-relacionamento entre nós dois. Só fazia um mês desde que eu admiti para mim mesma que tinha alguma coisa que não me comprometia totalmente com o garoto de topete. Zayn me encarou sorrindo e, pouco á pouco, seu sorriso foi se desfazendo.
-O que foi June?
-Eu não... Eu... Porque você disse isso?
Eu parecia uma retardada. Que diabos June! Você não vai passar por isso de novo.
-Porque é a verdade.
Zayn disse com um sorriso sapeca, como se fosse óbvio. Eu suspirei.
-Zayn...
-O que foi?
Ele perguntou apreensivo. Eu fiquei em silêncio, procurando as palavras certas. Nós não eramos namorados. Nosso relacionamento se baseava em sexo. Era desejo e necessidade. Ele sabia disso. Ele tinha que saber.
-Eu te amo June.
Ele disse, sorriu depois, como se estivesse feliz em dizer isso em voz alta. Eu estava paralisada, ele se afastou um pouco e tirou meu cabelo do meu rosto.
-Você não sente isso.
Eu sussurrei. Era como um flashback acontecendo ao vivo. Como se eu estivesse atuando uma certa cena, pela segunda vez. Com os papéis invertidos.
-É claro que eu sinto!
Ele disse, eu me sentei na cama. Não podia estar acontecendo assim. Eu esclareci as coisas. Não iríamos nos apaixonar.
-Não é real.
Eu disse calmamente. Zayn se sentou também, ele parecia confuso. Eu sabia como ele se sentia.
-É claro que é real! Como você pode dizer uma coisa dessas!
Eu o fitei calmamente, pronta para explicar o que ele sentia.
-Não Zayn, não é real. Você acha que sente algo por mim, quando na verdade, não sente. É...- Eu gesticulei, na falta de palavras- é só atração.
Zayn continuou me olhando, com aquela cara descrente de criança pequena quando contam que papai noel não existe.
-Você está dizendo que...
-Eu estou dizendo que isso é só sexo Zayn. Eu deixei bem claro antes de nos envolver. Eu tenho um carinho muito grande por você, de verdade. Mas você não me ama! Não pode me amar.
Eu finalizei a conversa e Zayn permaneceu estático. Como se processasse tudo aquilo que eu acabei de dizer. Lancei-lhe um sorriso triste e juntei minhas roupas espalhadas pelo quarto. Caminhei até o banheiro do quarto de hóspedes e me troquei lá. Quando voltei, Zayn estava se trocando. Eu bati duas vezes no batente da porta, ele se virou para me olhar. Ele me olhou de uma maneira tão fria, que eu mal o reconheci.
-Eu vou indo.
-Tudo bem.
Ele respondeu seco.
-Até daqui á pouco.
Eu disse  olhando para as tábuas de madeira do chão. Eu deixei o apartamento em seguida, resolvi ligar para Carolyn. Ela me ajudou uma vez, podia me ajudar uma segunda vez.
-Carol?
Fiquei aliviada quando ela atendeu ao telefone. Carolyn resmungou do outro lada da linha, ela estava dormindo.

-Eu preciso falar com você.
-O que foi? Luke está na cidade e eu não estou sabendo?
Ela brincou, ás vezes, eu ficava assustado com sue poder de dedução.

-É quase isso.
Eu resmunguei. Carolyn pareceu muito mais desperta do outro lado da linha.

-Ai meu Deus! O que aconteceu?
-Eu posso falar isso pessoalmente? Estou no meio da rua, está nevando e eu estou faminta. Chego aí em dez minutos.

-Tudo bem, venha rápido.
Ela desligou o telefone e eu me apertei em meu casaco para conter o frio. Cheguei em casa em menos de dez minutos, a porta estava aberta e o apartamento todo cheirava á molho de tomate e hortelã.

-O que andou aprontando, Stevens?
Eu coloquei a cabeça para dentro da cozinha e vi minha prima cozinhando. Ela desligou o fogão e veio me abraçar.
-Que cheiro bom!
Eu comentei enquanto ela me guiava até a sala.
-Fatos primeiro, comer depois.
Ela disse simplesmente, enquanto sentava no sofá.
-Certo.
Eu disse e me sentei também, levei meia hora para explicar tudo para Carolyn. Desde o início, sem tirar nem por.
-Puta merda.
Ela disse com os olhos levemente arregalados.
-Eu sei.
-Não June, puta merda! O garoto diz que te ama e você faz isso, você tem algum problema?
Ela disse chacoalhando meus ombros.
-Ele é Zayn fucking Malik. Qual é a porra do teu problema?
Ela continuou gritando. Eu livrei meus ombros de suas mãos, antes que ela me machucasse de verdade.
-Sendo Zayn Malik ou não, está acontecendo de novo. E você deveria me ajudar, caralho!
Eu gritei também. Era inevitável.
P.O.V.- June Stevens- Três anos atrás- Gillingham.
-Eu sei!

Eu disse animada enquanto voltava pra casa. Abby me acompanhava até em casa, já que ela era minha vizinha\melhor amiga.
-Ele me faz tão bem! É como se não houvesse mais nada, só nós dois.
Eu disse, sabia que tinha um sorriso enorme no meu rosto. Abby também sorria para mim.
-Eu quero saber de todos os detalhes, ouviu bem?
Havíamos chegado no portão da minha casa.
-Pode deixar!
Eu disse animada. Entrei em casa e fui direto tomar um banho. Luke passaria aqui em uma hora para comemorarmos o nosso aniversário de namoro. Eu passei meia hora só pensando no que deveria vestir, claro, ele ia me levar pra jantar e eu dormiria na casa dele. Mas eu não conseguia definir uma peça sequer.
-June, querida, Luke está aqui em baixo.
Ouvi minha mãe gritar. Eu escolhi um vestido que havia ganhado de aniversário, sapatilhas e o colar que ele me dera quando ainda éramos só amigos. Arrumei meu cabelo como pude e desci.
-Pronto.
Luke sorriu para mim e se despediu da minha mãe.
-Para onde vamos?
Eu perguntei depois que ele me beijou, do lado de fora de casa.
-É segredo.
Ele disse e sorriu. Luke abriu a porta do carro para mim e manteve silêncio quanto o local para onde estávamos indo. Me surpreendi ao ver que estávamos no seu apartamento e fiquei ainda mais surpresa quando ele me levou para o terraço.
-Pode abrir os olhos.
Ele disse perto do meu ouvido e retirou as mãos dos meus olhos. Havia uma mesa delicadamente decorada com velas e flores.
-Luke... Isso é incrível!
Eu disse analisando cada detalhe. Ele era um anjo. Depois do jantar, descemos para o seu apartamento e vimos algum filme, pouco antes de ele me levar para a cama. Eu me sentia maravilhada. Ele era perfeito para mim e eu nunca tive tanta certeza de mais nada na minha vida.
-Eu te amo.
Admiti timidamente, era a primeira vez que eu falava isso para alguém que não fossem meus pais. Luke riu e olhou para mim.
-Não ama nada.
Eu achei que era uma daquelas brincadeiras que casais sempre fazem.
-Amo sim. Nunca tive tanta certeza na minha vida.
Eu tinha um sorriso orgulhoso nos lábios. Luke se virou para me olhar.
-Você não pode me amar June.
Foi aí que eu comecei a ficar confusa.
-Como assim?
-June, eu não sou o cara certo pra você.
-Claro que é!
-Não, você não...
Ele foi interrompido pelo toque do telefone, como ele não atendeu, caiu na secretária eletrônica.
-Hey babe, é a Abby.
-Porque Abby está te ligando? E porque ela te chamou de babe?
Eu perguntei. Ele hesitou em me responder. A mensagem continuou rodando.
-Eu só queria saber até quando June vai ficar na sua casa, eu estou morrendo de saudades de você. É isso. Até mais, gatinho.
Luke me olhou, totalmente encurralado e arrependido. Eu sentia a umidade em meu olhos, mas não me permitiria chorar.

-O que vocês... O q-que...
A pergunta que eu não consegui terminar, ficou pendente entre nós.
-June eu sinto muito eu...
-Há quanto tempo?
Eu gritei, meu autocontrole indo pelo ralo. Luke respirou fundo.
-Há algumas semanas. Eu não pretendia... Foi só uma vez e eu sabia que era errado mas eu...
-Eu não quero ouvir. Como você pôde? Minha melhor amiga Luke? E você ainda tem coragem de dormir comigo? Depois disso?
Os olhos dele estavam marejados, mas eu não me deixaria abalar.
-Essa nunca foi minha intenção com você, eu não deveria ter deixado as coisas chegarem nesse ponto. Me desculpe, eu sinto muito.
Eu não ousei olhar para ele. Desatei o colar do meu pescoço e saí correndo dali. Eu corri para casa, eu não entendia o porquê daquilo tudo. Ele era tão bom comigo, éramos perfeitos juntos. Como eu pude nunca conhecer a pessoa que estava do meu lado. Tranquei a porta do quarto e me permiti chorar, como se lesse meus pensamentos, Carolyn ligou no meu celular.
-Oi June!
Eu funguei antes de responder.

-Oi Carol.
-O que houve? Porque você está chorando?
Ouvir isso só me fez chorar ainda mais. Levei algum tempo para me recompor e contar tudo para Carolyn.
-Pare de chorar. Ele não te merece, tá me ouvindo? Nem ele, nem aquela vadiazinha que você chamava de amiga. Eles não merecem uma lágrima sua.
-O que você quer que eu faça? Eu o amava! E confiava nela!

Eu gritei ao telefone e chorei mais um pouco.

-Me escuta, eu nunca achei que confiaria meus segredos á outra pessoa, então você tem que jurar pra mim que não vai contar pra ninguém e vai seguir tudo direitinho.
-Porque?
-Você quer esfregar na cara daquele idiota que você não precisa dele, ou quer passar todos os domingos chorando, pro resto da sua vida.
-Eu quero esfregar na cara dele.
Disse com um soluço. Carolyn suspirou.

-Prometa pra mim que vai seguir todas as regras.
-Eu prometo.
-Ótimo. Me escute bem, a gente sempre é atraído por aquele que não liga pra gente, se você usar esse conselho pra conseguir o Luke de volta, eu mesma vou aí te socar. Então você não tem que ligar pra ninguém, entendido?
-Sim.
-A regra número um, é que você tem que sempre se divertir. Pra quê entrar numa coisa que você não gosta. Você só vive uma vez, porque desperdiçar esse tempo? A segunda regra é que você não pode se apegar, até ter a plena certeza que aquele é o homem da sua vida e você pularia de um penhasco por ele.
-Entendi.
-Você não pode mais confiar no seu coração. Ele foi quebrado e você foi magoada, qualquer um que chegar com palavras bonitas vai chegar até você. Eu sei que é duro, e é uma puta de uma mudança June. Você nunca mais vai ser a mesma.
-Eu não quero mais ser aquela que foi enganada.
-Ótimo. A última regra, você tem que ser um amor de pessoa, não vai conseguir nada sendo grossa. É um mundo cruel esse em que vivemos, e seguindo as regras você estará congelando seu coração. 
-Mas eu...
-Você não quer sentir isso de novo, não é June?
-Não.
-Então siga as regras. Você nunca mais sairá magoada.
P.O.V.- June Stevens

As regras de Carolyn foram tiradas de vários textos escritos por garotas que acabaram de superar o pé na bunda e uma música muito estranha de uma garota. Era loucura, mas tinha dado certo por todos esses anos. Eu nunca mais havia chorado por homem nenhum, no entanto, não era a mesma garota de antes. Eu fui um pouco além e tentei me ocultar totalmente. Pra quê eu seria a idiota que foi enganada durante todo esse tempo? Porque eu tinha que ser essa garota? Eu não precisava! Usei todas as chances que tinha pra sair daquele inferno de cidade e esquecer todo o trágico incidente com Luke e Abby. Eu estava indo muito bem, obrigada, ainda que, de vez em quando, eu me lembrava da pessoa que eu costumava ser. Foi aí que Zayn apareceu. E eu sabia que ele era diferente, por isso tentei afastá-lo. Mas Carolyn, as garotas que superaram um pé na bunda e a música estranha de uma garota estavam certas. Tendemos á ser atraídos por aqueles que nos ignoram. E foi exatamente o que aconteceu. Á cada dia era mais difícil afastá-lo, á cada dia eu começava a me apaixonar pelo garoto que eu só conhecia pela televisão. Mas eu havia mudado e nunca mais seria a mesma. Foi por isso que eu sugeri aquilo, eu não queria perdê-lo e tampouco queria tê-lo. Era confuso. Tudo agora estava confuso.

-O que você sente quando está com ele?
Carolyn me perguntou, eu estava deitada no sofá, com a cabeça em seu colo. Totalmente frustrada.
-Eu não sei. Não dá tempo de pensar. É só a gente, só o momento. Mas quando acaba eu me sinto bem, e quando demora eu sinto falta. Ele faz meu mundo girar. Caramba, que tipo de pessoa faz um mundo girar sem precisar sair do lugar? Talvez ele seja um mágico, ou talvez eu esteja apaixonada. É melhor acreditar na hipótese que ele seja um mágico.
-June, você foi longe demais com isso.
-Eu sei! Quer dizer, eu sabia que melhoras suas regras teria alguma reação.
-Você fez o quê? Não! Não estou falando disso, mas, o que você mudou nas minhas regras?
-Eu resolvi ignorar totalmente o meu passado. Não valia á pena ser aquela garota.
-June! Aquela garota era a minha prima! A garota com quem eu cresci e dividi segredos. A gente precisa aceitar o passado pra viver o presente e pensar num futuro. Não se pode apagar quem se é, ou quem se foi. O que diabos você tinha na cabeça?
-Zayn se apaixonou pela garota que sou agora.
-E a garota que você é acabou de esmagar o que ele costumava chamar de coração.
Eu fiquei em silêncio, digerindo o que ela acabara de me dizer. Num movimento distraído, olhei no relógio da parede da sala e constatei que os garotos já deviam estar na casa da Nathalie.
-Certo, eu vou pensar sobre isso. Obrigada Carolyn.
-Não há de quê.
-Ah, eu estou inda na casa da Nathalie você não...
O celular dela começou a tocar e ela estendeu o dedo para que eu me calasse. Odeio quando ela faz isso.
-Oi Jake!- O rosto todo de Carolyn se iluminou ao ouvir a voz de Jake. E pensar que esses dois se odiavam- Não, não estou fazendo nada. Skype? Tá, eu vou pegar o computador.
E ela saiu saltitando até o quarto para pegar o computador.
-Certo, vou entender isso como um não.
Eu falei comigo mesma e fui até meu quarto, me trocando rapidamente e pegando um táxi até a casa de Nathalie. Quando eu cheguei, os garotos tentavam discutir com o porteiro, que os impedia de subir no apartamento da Nathalie.
-Oi Andy!
Eu disse com um sorriso simpático, que ele me devolveu, interrompendo a discussão com os garotos.
-Olá senhorita Stevens.
-O que está acontecendo?
-A senhorita Simmons não está em casa, mas estes cavalheiros insistem em subir no apartamento dela.
-Ah, Andy, eles estão comigo. Nathalie pediu que a esperássemos lá dentro.
-A senhorita tem a chave?
-Claro.
-Nesse caso, podem subir.
Ele sorriu e eu agradeci. Os garotos permaneceram estáticos.
-Vocês não vem?
Eu perguntei, caminhando até o elevador.
-Porque você tem a chave do apartamento da Nathalie?
Liam perguntou enquanto subíamos até o apartamento.
-Eu não tenho, mas sei onde ela esconde a dela.
Eu dei de ombros. Estendi a mão para alcançar a parte de cima da porta e encontrei sem mais dificuldades, a pequena chave prateada que abriria a porta da frente.
-Voilá.
Eu disse assim que abri a porta.
-Ela disse que chegava que horas?
Louis perguntou se sentando no sofá.
-Três, eu acho.
Harry respondeu, sentando do lado do amigo. Já que estava todo mundo sentado, eu sentei também. Enquanto assistíamos tv e acabávamos com o estoque de porcarias de Nathalie,o interfone tocou.
-Eu atendo.
Me levantei rapidamente e corri para atender.
-Olá Andy.
-Olá senhorita Stevens. Duas garotas estão aqui em baixo, Eleanor e Annabelle, elas podem subir?

-É claro Andy, peça que elas subam, por favor.
-Pode deixar.
-Até mais Andy.
Eu desliguei o telefone e esperei que as duas chegassem.

-Oi June!
Elas disseram juntas e me abraçaram.
-Podem entrar, a Nathalie ainda não chegou mas tá todo mundo aqui.
Eu tranquei a porta e olhei para a sala enquanto elas cumprimentavam os meninos e se sentavam. Meus olhos se demoraram no garoto de topete que estava sentado na poltrona com um olhar distraído, totalmente distante. Eu suspirei. E caminhei de volta para o meu lugar.
-June, posso falar com você rapidinho?
Liam estava de pé ao meu lado.
-Claro.
Ele andou até o segundo andar do apartamento e se sentou no final do corredor.
-O que você queria falar comigo?
Eu perguntei, me sentando ao seu lado.
-O que aconteceu entre você e o Zayn.
Dava pra ser menos direto, por favor? Eu engoli em seco antes de responder.
-Eu... Ele... A gente brigou.
Eu consegui dizer por fim. Liam permaneceu em silêncio, analisando a situação.
-Eu tenho certeza que vocês vão superar o que quer que seja.
-Obrigada Liam.
Eu disse com a garganta sufocada. Porra, eu não quero chorar de novo.
Ele me abraçou de lado e me ajudou a levantar. Nós dois descemos bem á tempo de ver Nathalie entrando no apartamento.
-O que diabos vocês fazem aqui?
-Queríamos ter certeza que você não estava mentindo pra gente.
Louis deu de ombros.
 -Eu não acredito que pensam isso de mim.
-Onde foi, toda arrumada assim?
 Eu perguntei abraçando-a.
 -Almoçar com Kyle e a família dele.
-E como foi?
-Quase normal, eles ficaram assustados comigo. Eu acho.
-Claro, do jeito que você é, qualquer um fica assustado.
-Muito obrigada, Styles.
 Annie bateu nele por Nathalie.
-Ah, Louis, tenho uma coisa pra você.
 Ela pegou um evelope decorado com um zilhão de adesivos e entregou á ele.
-Quem é Chloe?
Ele perguntou abrindo o envelope.
-Minha meia-irmã.
 Eu me apoiei no ombro de Louis para ver a carta.
"Oi, eu sou Chloe, tenho onze anos e sou (provavelmente) sua fã número um. É estranho escrever essa carta sem saber se vocês um dia chegarão a ver o que eu escrevi. Pois bem, eu queria agradecer á vocês, só por entrarem no The X-factor, porque, se não fosse por isso, nós nunca conheceríamos os garotos maravilhosos que vocês são. Eu nunca gritei tanto assistindo televisão, quanto na final do programa. Eu queria tanto que vocês ganhassem! Ainda bem que Simon tinha um plano, e ainda bem que ele estava certo ao juntar vocês cinco. Obrigada Liam, por me ensinar que também é preciso ser responsável. PS- Eu nunca gostei muito de colheres também. Obrigada Harry, por me dizer que idade é apenas um número, e por ter terminado com a Caroline Flack, eu não gostava muito dela. Obrigada Zayn, por ser esse garoto que você é, tenho certeza que por trás de todo esse mistério e pose de BadBoy de Bradford, há um coração imenso, capaz de amar incondicionalmente. Obrigada Niall, por me fazer rir com a sua risada, por não me fazer achar estranha, já que eu como um pouco mais que minhas amigas. Por último, e não menos importante, Obrigada BooBear, por ser o mais engraçado, escandaloso, bonito e amável garoto que eu já vi. Você é incrível, talvez por isso seja o meu favorito. Eu amo vocês demais. Eu não sei se um dia vocês chegarão a ler isso, mas eu gostaria que soubessem que eu me orgulho muito de ser fã de vocês. Vocês me ensinaram a sonhar, obrigada."  -Cara, sua irmã é muito fofa!
Harry disse enquanto ia lendo.
-Meia-irmã.
Nathalie resmungou.
-Olha só isso! " Eu não sei se um dia vocês chegarão a ler isso, mas eu gostaria que soubessem que eu me orgulho muito de ser fã de vocês. Vocês me ensinaram a sonhar, obrigada." Eu acho que ela deve ser a irmã mais meiga do mundo! Posso apertar?
Louis disse ao terminar de ler a carta, acompanhado de um coro de "Anw!"
-Meia-irmã. E acho que pode, você é o favorito dela.
 Nathalie se sentou na poltrona e nos encarou.
-E aí, que notícias maravilhosas vocês vieram me trazer?
-Vamos numa premiação amanhã, conseguimos um lugar pra você na nossa mesa.
-Isso é muito gentil da parte de vocês.
-E você pode ir no tapete vermelho com a gente. Annie disse que não vai, é muita pressão.
Ela encolheu os ombros quando Harry disse isso.
-Muito obrigada garotos, mas eu já recebi um convite para o tapete vermelho.
Liam e Zayn ergueram as sobrancelhas.
-Você está vendo isso Harold? Ela está trocando a gente.
Louis. Sempre dramático.
-Quem te chamou?
 Eu perguntei, calando Louis.
-Tyler Daniels.
 Eu e Annie ficamos boquiabertas.
-Espera aí, Tyler Daniels? Do Arsenal?
-Ele mesmo.
-Desde quando você o conhece?
Annie perguntou.
-Estudamos juntos. Ele me convidou tem uma semana.
-Eu não acredito nisso.
-É verdade!
-Tá. Troque a boyband pelo jogador famoso. Nós não ligamos.
 Liam cruzou os braços, ela fui abraçá-lo.
-Eu ainda posso sentar com vocês. Vocês sabem.
-Eu deveria ficar bravo, mas não estou.
 Liam a abraçou de volta. Eu sorri.
-Tá, qual o plano para hoje?
-Pizza na minha casa? A gente pode alugar uns filmes.
Harry sugeriu e fomos direto para a sua casa, eu não esquecia o que Chloe havia dito para Zayn " tenho certeza que por trás de todo esse mistério e pose de BadBoy de Bradford, há um coração imenso, capaz de amar incondicionalmente" Talvez eu tenha ido longe demais com esse lance de não me apegar. Eu precisava voltar atrás.
-Ei June, já que seu namorado está estressadinho e eu estou sem par, não quer vir comigo na premiação?
Harry disse quando Nathalie foi embora. Eu olhei para Harry e depois para Zayn que me fitava com curiosidade.
-Eu... Hum... Sei lá.
-Por favor!
Ele fez carinha de "cupcake". Zayn desviou os olhos. Certo, se ele iria ser teimoso, eu também iria.
-Tá, pode ser.
Harry me abraçou e agradeceu. Eu voltei para minha casa quando a maioria dos garotos dormia na sala.
Pela manhã, Carolyn me ajudou com o cabelo e a maquiagem, já que eu havia comprado um vestido pouco tempo atrás.
-Eu queria ver a reação das pessoas quando te vissem assim.
Carolyn me rodeou quando acabou de me arrumar.
-Vai ser transmitido pela televisão, você vai poder ver.
-Eu vou gravar e mostrar pra tia May.
-Ela vai te agradecer por isso, e eu vou ter morrido socialmente.
Eu disse me olhando no espelho. Carolyn saiu correndo para atender o interfone.
-Harry está aqui.
Ela voltou com um sorriso gigante no rosto. Eu suspirei e peguei minha bolsa, mandei um beijinho para Carolyn antes de sair. Harry estava encostado no balcão da portaria, tamborilando os dedos na superfície de madeira enquanto me esperava.
-Wow. Zayn ficaria com muita inveja.
Ele deu um sorriso esquisito e grudou seu braço com o meu.
- Quem deu o nó na sua gravata?
Eu perguntei enquanto andávamos até o carro.
-Annie, ela me ajudou a me arrumar.
-Eu sabia, você não tem capacidade de dar um nó de gravata tão bonitinho assim.
Eu o provoquei.
-Certo, senhorita Stevens. Continue fazendo isso.
Ele dirigiu e conversamos durando o caminho inteiro, era bom saber que eu podia contar com os garotos.
-Chegamos.
Ele anunciou ao estacionar o carro, estava me fitando atenciosamente. Eu sorri.
-O que foi?
-Não vai respirar fundo, contar até dez ou coisa assim?
-Não. Porque eu faria isso?
-Sei lá, é uma premiação, vai ser transmitida mundialmente, você está do meu lado...
-Você acha mesmo que tem essa bola toda, garoto?
Ele sorriu e saiu do carro para abrir a porta para mim.
-Obrigada.
Eu agradeci e entramos na área externa da premiação, aquela parte chata onde milhares de câmeras e repórteres entrevistavam os convidados. Assim que pisamos no tapete vermelho, fomos bombardeados com milhares de perguntas e flashes que vinham de todas as direções. Harry atendeu ao pedido de uma repórter insistente e caminhou até ela.
-Olá.
Ele disse e sorriu para a câmera.
-Harry Styles, não é surpresa te ver acompanhado de uma linda garota, qual seu nome docinho?
Eu quase vomitei quando ela se virou para mim. Credo. Não tinha outro jeito para me chamar? Eu olhei para Harry e balancei a cabeça negativamente, se Nathalie que é a pessoa mais adorável que eu conheço, tinha haters no fandom, imagina eu, que não sou nada delicada. Por sorte, Harry entendeu meu recado e sorriu educadamente para a repórter.
-Bem, a minha amiga de não dar entrevistas, se possível.
Harry continuou dando a entrevista e a repórter insistiu mais duas vezes em saber o meu nome. Eu sorri e neguei com a cabeça. Quando finalmente entramos, Harry me apresentou para um grupo reservados de amigos, que incluíam Nick Grimshaw, Rita Ora, Cara Delavigne e Pixie Geldof. Sério, eu precisava sair com o Harry mais vezes.
-Me diga June, o que faz uma garota como você, sair com um idiota como ele?
Grimmy estendeu a taça de champanhe em minha direção quando se virou para mim.
-Eu estou fazendo um favor para ele. Somos amigos.
Nick sorriu e encarou Harry que estava distraído com as duas garotas.
-De onde vocês se conhecem?
-Você já ouviu falar na Nathalie Simmons, certo?
Ele confirmou com a cabeça.
-Ela é minha amiga, eu estava com ela quando esbarramos no garotos numa rua por aí. A gente estava indo pra mesma rádio.
Ele pensou por um minuto.
-June Setevens!- Eu me assustei quando ele gritou meu nome de repente- Claro, você foi a garota que ganhou a promoção da La Belle.
-Você estava lá?
-Estava sim,-Ele deu de ombros- mas Harry estava distraído demais pegando todas as garotas da festa!
Ele gritou para Harry que fez uma cara confusa  e revirou os olhos para o amigo. Nick Grimshaw era uma figura. Os garotos foram chegando e Zayn continuava me evitando.
Coloquem pra tocar- (http://www.youtube.com/watch?v=ezz-nazThiM)
Chegava a doer. Um pouco antes de entrarmos para o salão, depois que Nathalie apareceu com Tyler, eu fiquei para trás e chamei Zayn antes que ele atravessasse o salão.
-Zayn...
Ele se virou para me encarar, não se moveu um centímetro.
-Eu queria falar com você.
Eu continuei, engolindo todo o orgulho e voltando a ser, mesmo que por um momento, a June que eu era em Gillingham. Zayn sustentou meu olhar pela primeira vez no dia, esperando que eu continuasse, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Harry apareceu de lugar nenhum, me puxando pelo braço.
-Vem June, todo mundo já está sentado.
Ele me puxou pelo braço e eu não pude dizer nada.
Pelo resto da noite, Zayn continuou me fitando discretamente, como se perguntasse o que eu iria dizer. Seus olhos demonstravam a mesma intensidade de curiosidade e desapontamento. Eu havia quebrado seu coração, como fizeram comigo. Eu havia o magoado como fizeram comigo. E agora estávamos assim porque eu não pude superar isso. O tempo passou rápido, Harry já estava conversando comigo no carro, eu concordava com a cabeça, mas não fazia ideia do que ele estava falando. E eu estava vivendo uma mistura de passado e presente, enquanto as cenas se repetiam na minha cabeça.

These feelings won't go away. No que eu havia me tornado? Eu mal podia me reconhecer. Harry me deixou em casa quando os primeiros flocos de neve começaram a cair. Eu me permiti ficar do lado de fora, o frio conseguia ser menos angustiante que essas coisas na minha cabeça. As regras me impediam de sair machucada, mas não havia garantia nenhuma que todos os outros também saíam ilesos. Eu comecei a pensar em todas as pessoas que eu machuquei, inclusive eu mesma. Eu não me reconhecia mais. O cabelo curto, o sotaque que quase não aparecia. Time will take them away. De todas as noites que eu passei sozinha em Londres, aquela era a que eu me sentia mais solitária. Eu entrei quando o frio se tornou insuportável, e por mais que eu tentasse, não conseguia dormir. Eu tomei uma xícara de chá e passei por todos os canais da televisão. Nada adiantava. Os olhos dele estavam fixos na minha mente, o modo como ele me olhara. Doía demais. Eu sentia o que ele sentia. Ele nunca me perdoaria, porque, eu nunca perdoei Luke. Todas as vezes que eu saía de um relacionamento... Porque só dessa vez eu estou me sentindo assim? Eu não estou preparada pra isso. Ninguém nunca me avisou sobre isso. Porque dói assim? Porque é diferente agora?
These feelings won't go away. Por mais que eu esteja negando, há algo em mim que está dizendo e eu não posso me permitir aceitar. Eu não posso amar. Eu ainda não estou pronta. Porque seria diferente com ele? Quem me garante que Zayn é diferente de Luke, ou de qualquer outro garoto. Bati na porta do quarto de Carolyn, eram três e meia da manhã. Ela se levantou e me perguntou o que houve, eu já estava chorando antes mesmo que ela terminasse. Carolyn conseguiu me acalmar e começou a conversar qualquer coisa comigo. Eu perguntei á ela porque dessa vez era diferente. Carolyn me disse que as regras não me impediriam de me apaixonar. E havia acontecido. Ela riu e buscou o notebook. Eu fiquei curiosa e ela me mandou calar a boca e escutar. She's not afraid do One Direction estava em todo o quarto. Eu chorei outra vez quando percebi porque Carolyn havia me mostrado a música.
How come she's so afraid of falling in love?  Como ela pode ter tanto medo de se apaixonar? Como ela pôde? A voz dele invadia a minha cabeça. Eu tinha que fazer alguma coisa, eu era fraca demais e a dor era forte demais. Eu havia aprendido a ignorar tudo isso, mas Zayn deixou meu mundo de cabeça pra baixo. Ele havia me dado rasões para mudar. Zayn era o tipo de garoto, pelo qual valia á pena se apaixonar. E eu sabia disso agora. E podia ser tarde demais, mas ninguém me impediu de colocar um tênis e correr na neve até o apartamento dele.